sábado, 29 de abril de 2017

Professor Felipe Camarão toma posse no IHGM



São Luís – Ontem (28), às 19h, no Convento das Mercês, tomou posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), na cadeira de n.º 13, patroneada por Raimundo José de Souza Gayoso, o professor mestre do Curso de Direito da UFMA, advogado, procurador federal e secretário de Estado da Educação do Estado do Maranhão, Felipe Costa Camarão.

A indicação do advogado e professor universitário foi feita pelo membro efetivo e promotor de justiça, Dr. Ronald Pereira que após a aprovação pela Comissão específica designada pelo presidente para analisar e emitir parecer obteve aprovação pela plenária da Assembleia Geral em outubro de 2016.

O novo membro do IHGM fez um discurso emocionado e demonstrou sentir-se bastante honrado em tomar posse na tradicional Casa de Antônio Lopes que este ano está completando 92 anos de fundação.


O auditório do Convento das Mercês estava repleto de convidados, entre familiares, amigos, membros do IHGM, acadêmicos e autoridades. Estiveram presentes também, prestigiando o evento o governador do Estado, Flávio Dino e o prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. Nessa mesma noite, Felipe Camarão também tomou posse na Academia Ludovicense de Letras.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Felipe Camarão tomará posse no IHGM



Dr. Ronald,  Felipe Camarão e Euges Lima
São Luís – Amanhã(sexta), dia 28, às 19h, no Convento das Mercês, tomará posse no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), na cadeira de n.º 13, patroneada por Raimundo José de Souza Gayoso, o professor mestre do Curso de Direito da UFMA, advogado, procurador federal e secretário de Estado da Educação do Maranhão, Felipe Costa Camarão.

A indicação do advogado e professor universitário foi feita pelo membro efetivo e promotor de justiça, Dr. Ronald Pereira que após a aprovação pela Comissão específica designada pelo presidente para analisar e emitir parecer obteve aprovação pela plenária da Assembleia Geral em outubro de 2016.

Biografia

Carioca, nascido no Rio de Janeiro a 31 de dezembro de 1981, filho dos médicos Louis Phillip Moses Camarão e Rita Costa Camarão, neto paterno de Felipe Reis Camarão e Jean Moses Camarão, materno de Bráulio Costa e Tereza Costa, Felipe Costa Camarão, formado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão, “cidadão maranhense”, aceita e aprovada pela maioria absoluta dos pares da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Mestre em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Procurador Federal. Professor Assistente do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão - UFMA e do Curso de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco. É autor de vários artigos acadêmicos na área do Direito em revista especializadas e colaborador em inúmeras coletâneas.

Assim que foi informado da aprovação do seu nome como membro efetivo do IHGM, externou Camarão nas redes sociais: “Acabo de receber notícia q meu nome foi aprovado p/unanimidade em Assembleia Geral Ordinária do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão”. [...] Com orgulho, irei ingressar nos quadros do IHGM para ocupar a cadeira de n. 13, patroneada por Raimundo José de Souza Gayoso.”

O patrono da cadeira de N.º 13

Raimundo José de Souza Gayoso, nasceu em Buenos Aires na Argentina em 1747, filho de JOÃO HENRIQUE DE SOUZA e MICAELA JERÔNIMO GAYOSO.  Estudou na França e na Inglaterra onde se formou na área financeira. Raimundo José residiu no Maranhão em Cachoeira Grande.  Seu pai João Henrique de Souza foi tesoureiro do erário Português onde foi acusado de desvios de verbas e foi degredado para o Maranhão por 5 anos.  Ao conseguir comprovar sua inocência, o Príncipe Dom José o nomeou Tenente-Coronel do Regimento de Milícias de Caxias. No Maranhão casou-se com Anna Rita de Souza Gayoso das famílias Gomes de Souza e Vieira da Silva. Deixou várias obras como “Compêndio histórico-político dos princípios da lavoura do Maranhão”.  Obra publicada por sua esposa Dona Ana Rita em 1818 e dedicada a Dom José e “Memória histórico-apologética da conduta do Bacharel Antônio Leitão Bandeira”, publicada em 1785. 


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Entrevista inédita sobre a revelação da base do Pelourinho de São Luís




Entrevista inédita concedida pelo professor Euges Lima em novembro de 2014 à jornalista Angélica Moreira da Revista de História da Biblioteca Nacional sobre o "achado" do pedestal do antigo Pelourinho de São Luís de 1815. Na edição de dezembro daquele ano foi publicada a reportagem “O Enigma da Pirâmide."




Revista de História da Biblioteca Nacional - Quanto tempo durou a sua pesquisa?

Euges Lima - Dez meses, desde o achado do opúsculo que me despertou interesse, intitulado: “A Cidade de S. Luiz: vestígios do passado (1926) de autoria de Antonio Lopes e Wilson Soares, membros fundadores do então Instituto de História e Geografia do Maranhão que continha a informação nova para nós, historiadores contemporâneos, isto é, que o antigo Pelourinho de São Luís (1815) não tinha sido totalmente destruído como se pensava, mas apenas, parcialmente, pois seu pedestal permaneceu e teria sido reutilizado, servindo como base da construção da chamada Pirâmide de Beckman, monumento mais recente, inaugurado em 1910, no Parque  15 de novembro, na atual Avenida Beira-Mar. A informação corrente na historiografia nos últimos 88 anos, dava o Pelourinho como destruído dias antes do início da República. A divulgação da pesquisa se deu em 11 de outubro deste ano.

RHBN -  Havia equipe de pesquisa, ou foi exclusivamente sua?

E. L. - Não havia, não foi uma pesquisa coletiva, foi solitária, individual, também não está ligada a nenhuma instituição. Não pesquisava o tema: Pelourinho de São Luís, não era meu objeto de estudo. Tudo começa, quando nos foi mostrado o opúsculo raro por uma funcionária da Biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, por conta de um processo de revitalização e reorganização do acervo, a partir daí, passei a me interessar pelo conteúdo dessa publicação, que me pareceu bastante interessante e continha uma certa raridade, pois trazia muitas informações novas sobre prédios colônias, logradouros e monumentos do Centro Histórico de São Luís. Em meio a várias leituras do material, acabei encontrando essa informação da reutilização da base do Pelourinho de 1815 em um outro monumento mais recente, de 1910, no caso, a Pirâmide de Beckman, então percebi logo que se tratava de uma informação nova e em última instância, esquecida ou perdida pela historiografia contemporânea e pela própria memória histórica da cidade.

RHBN - Ela foi baseada em bibliografia e observação, correto? Em especial do livro O cativeiro, 1992[1941], de Dunshee de Abranches?

E.L. - Sim, fizemos pesquisa bibliográfica, na historiografia sobre o tema e pesquisa in loco, de campo, no monumento conhecido como Pirâmide de Beckman, onde fizemos várias fotos, sob diversos ângulos e tomamos medidas. De fato, o livro O Cativeiro, assumiu uma importância grande nesse processo, principalmente no que concerne a confirmação do achado, pois o livro traz um desenho do Pelourinho em questão, desenhado ou descrito provavelmente pelo próprio autor, com riqueza de detalhes e bastante fidedigno. Dunshee de Abranches foi contemporâneo do antigo Pelourinho e fez uma descrição bastante rica desse monumento que originalmente estava situado no antigo Largo do Carmo, hoje, Praça João Lisboa. Nesse livro, ele conta suas memórias de como viveu na São Luís escravagista da segunda metade do século XIX.

RHBN - A matéria d’O Globo diz: “No Cafua das Mercês, situado no bairro da Praia Grande, em São Luís, uma réplica do pelourinho original instalado na Praça João Lisboa em 1815 também mostra a semelhança das bases, além do tamanho, formato e largura do monumento”

a)     - Existe réplica do pelourinho de 1815, cuja base foi revelada, agora?

Sim, existe uma réplica, mas não em tamanho original, construída nos anos de 1970, está localizada no Museu do Negro de São Luís, antigo mercado de escravos, conhecido também como Cafua das Mercês, no Bairro do Desterro. Certamente, inspirada no desenho contido no livro O Cativeiro de 1941, porém pouco exata na sua base em relação ao original, talvez isso tenha dificultado a identificação com a Pirâmide de Beckman, durante todo esse tempo.

b) - Ou a réplica se refere a um outro pelourinho de 1815 que ficava nessa praça (Praça João Lisboa)?

Não existe outro Pelourinho de 1815, a réplica é referente ao Pelourinho em questão, porém, como já foi dito, o local originário, antes de ser destruída sua coluna e seu pedestal servir como base da Pirâmide de Beckman, no Parque 15 de novembro, na Avenida Beira-Mar, era o Antigo Largo do Carmo, hoje, Praça João Lisboa, é apenas uma questão de toponímia, uma mais antiga e outra mais recente.

c) - Onde fica essa praça ou se trata da mesma praça que existe no Parque 15 de novembro?

Não se trata da mesma, a Praça João Lisboa, fica em outro local, bem no coração do Centro de São Luís, no antigo Largo do Carmo, em frente a Igreja do Carmo, local de origem do antigo Pelourinho e que depois da destruição parcial, fora removido sua base para o Parque 15 de novembro, em 1910.

RHBN -  Por que fazer uma réplica de um pelourinho?

E. L. - Acredito que para ilustrar e enriquecer o acervo do Museu do Negro que estava sendo criado em 1975 em São Luís, somando-se a outros objetos que fazem referência ao cotidiano dos negros na época da escravidão em São Luís e a cultura afro-brasileira. 

RHBN - O que foi a pirâmide de Beckman? Por que fizeram esse monumento? Por que a manutenção desse monumento até hoje?

E. L. - Bem, a chamada Pirâmide de Beckman é um monumento que foi erigido em 1910, em homenagem a Manoel Beckman, principal líder da chamada Revolta de Beckman de 1684, que foi uma reação dos colonos maranhenses contra os desmandos e o monopólio da Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará, conhecido por Estanco. Os revoltosos também se posicionaram contra o fim da escravidão indígena e entraram em rota de colisão com os jesuítas. O movimento de Beckman destituiu o poder local, expulsou os jesuítas e aboliu o Estanco, mas não durou muito e foram rechaçados pela Coroa portuguesa. Os principais líderes foram presos e enforcados. Os historiadores acreditam que o Parque 15 de novembro, foi o local onde Beckman, principal líder, fora enforcado, daí a escolha do local para instalação do monumento.  Beckman foi visto pela historiografia oficial maranhense como uma espécie de herói, precursor nacional do sentimento independentista em relação a Coroa portuguesa, embora as principais reivindicações do seu movimento estivessem mais ligadas às questões econômicas que de independência política propriamente.

RHBN - O que o sr. pode dizer sobre essa revolta de republicanos radicais, liderada por Francisco de Paula Belfort Duarte?

E. L. - Paula Duarte era um combativo jornalista, redator do Jornal republicano “O Globo” em São Luís e integrante de Clubes Republicanos, conhecido pelo seu poder de persuasão e eloqüência quando discursava em Praça Pública. O episódio da destruição do Pelourinho foi comandado por ele com a ajuda de populares e ex-escravos, que a golpe de machadadas e de malhos no dia 1.º de novembro de 1889, portanto, catorze dias antes da Proclamação da República, destruíram esse monumento que era antes de tudo, um símbolo da opressão negra em São Luís.

RHBN - O sr. Teria mais informações sobre o pelourinho de Alcântara (de quando é, qual cidade e bairro ele fica, etc.)?

E.L. - O Pelourinho da Cidade de Alcântara é bem antigo, data do século XVII, 1648 e foi instalado na Praça principal, em frente à Igreja Matriz de São Matias (hoje em ruínas) e a Casa do Senado da Câmara, algo comum na época, pois originalmente os pelourinhos representavam a autonomia do poder municipal de vilas ou cidades. Também não escapou a essa onda de mutilação de símbolos da monarquia que varreu quase todo o país com a mudança de regime. No caso de Alcântara, a simbologia é bem anterior, remete ao período colonial e traz no seu topo não o brasão do Império brasileiro, mas o brasão do Império português. Com a proclamação da República teve sua parte superior, justamente onde fica o brasão, mutilada e depois enterrada, ficando o restante da coluna no local original. Em 1948, por iniciativa de José Alexandre Rodrigues, que promoveu uma verdadeira busca pela outra parte do Pelourinho, acabou recebendo a informação de uma ex-escrava, com mais de 90 anos, conhecida como Mãe Calu que a parte que faltava se encontrava enterrada em frente às ruínas da Igreja matriz. Depois de escavar o local por alguns metros, a parte superior do Pelourinho foi encontrada e o Pelourinho pôde ser restaurado na sua integralidade e se encontra lá até hoje.

RHBN - E agora, o que será feito, qual símbolo será mantido? Essa decisão seria exclusivamente da prefeitura, ou o IHGM tem alguma ingerência?

Ainda está muito recente, os órgãos públicos competentes, seja da esfera municipal, estadual ou federal ainda não se manifestaram. Acredito que o poder público deveria convocar reuniões ou até mesmo um seminário para discutir o achado e tomar os encaminhamentos devidos, não vejo que seja o caso de alteração do atual monumento, no caso, a Pirâmide de Beckman, pois este já se constituiu também como um monumento de importante valor histórico, porém, acho que a partir dessa nova informação, que estava perdida e que nós recuperamos, o olhar sobre o monumento irá mudar, pois não será mais visto como apenas o monumento do início do Século XX em homenagem a Beckman, mas agora, como também o monumento que traz na sua base a própria base do antigo Pelourinho da cidade, que se acreditava até então ter sido extinta em 1889, ou seja, foi agregado mais valor histórico a um monumento que já existia e ao mesmo tempo se recupera um artefato importante para a história do Maranhão, trazendo inúmeros desdobramentos positivos. O IHGM, não terá ingerência, mas poderá agir como órgão consultor e defensor do Patrimônio Histórico do Estado, conforme está explícito em seus estatutos e tem sido a nossa linha de atuação.

RHBN -  O senhor gostaria de fazer algum comentário ou consideração?

E.L. - Só queria enfatizar a importância do achado para História do Maranhão, era uma informação que estava perdida em alfarrábios antigos, a produção historiográfica recente que trata da história da cidade não traz essa informação, não fazem nenhum link entre o Pelourinho de 1815 e a Pirâmide de Beckman, os historiadores contemporâneos não faziam essa ligação, exceção é claro, aos autores do opúsculo (1926), Antonio Lopes e Wilson Soares que registraram isso, veja aí o valor do registro que nos permitiu recuperar tal informação. Outro ponto importante é que isso poderá despertar ou reforçar o interesse pelo estudo da temática, geralmente sempre sucinta nos manuais de história do Maranhão, podendo a partir de agora, ganhar mais espaço e importância. Finalizando, há algo que não podemos esquecer e que é imperativo nos dias de hoje no que tange ao conhecimento histórico, é a divulgação ao grande público, às pessoas comuns, a história não pode ficar restrita aos círculos acadêmicos, é responsabilidade nossa sua divulgação e difusão. A grande repercussão local que esse achado ganhou, serviu para também socializar o conhecimento e trazer informações novas sobre a história da cidade.