sábado, 6 de outubro de 2012

DISCURSO DE POSSE DE ALEXANDRE CORRÊA

DISCURSO DE POSSE DE ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA NA CADEIRA NÚMERO 10, PATRONEADA PELO Pe. JOSÉ DE MORAES

 Senhora Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão,
Senhoras e senhores,
Confrades e confreiras,
Convidados,
Boa Noite!

          É com grande alegria e satisfação que tomo posse hoje na Cadeira Número 10 deste egrégio Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, fundado em 1925.
          Ao compor esse discurso de posse, lembrei-me do poeta romano Horácio (65 a.C.–8 a.C.), que também foi filósofo, e, como se sabe, dentre suas características literárias, destacava-se a insistência na importância em se aproveitar o presente, sem demonstrar muita preocupação com o futuro. Pelo reconhecimento da brevidade da vida, acreditava na ideia de aproveitarmos cada momento de nossa existência efêmera, antes da morte, dedicando-nos ao amor e as questões sociais. Devemos a ele a difusão da expressão latina Carpe Diem, uma frase em latim retirada de um poema seu, e popularmente traduzida para algo como “colha o dia” ou “aproveite o momento”. É também utilizada como expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro. Inspirado nesses ensinamentos lembrei-me do conselho desse poeta antigo: Esto brevis et placebis, isto é, “Seja breve e agradarás”. É máxima que seguirei hoje...Todavia, é preciso cumprir com o rito de posse tradicional, reverenciando e rememorando as vidas do patrono da cadeira número 10, e do último e único ocupante anterior a mim.
 Patrono da Cadeira Número 10. Seu nome completo é José Xavier de Morais da Fonseca Pinto. Jesuíta e cronista português, nasceu em Lisboa no ano de 1708. Sua entrada na Companhia de Jesus foi feita em março de 1727, chegando ao Maranhão em 1730, ordenando-se padre em 1744. Foi teólogo e pregador, e por seus méritos foi encarregado pelo El-Rei D. João V para examinar a legitimidade dos cativos de guerra no Maranhão. Saiu do Maranhão quando da expulsão dos jesuítas em 1759, sendo deportado, voltando para Portugal. Pouco antes havia sido nomeado Cronista da Vice-Província do Maranhão e Pará. Sua nomeação fazia parte das comemorações da elevação da Vice-Província à Província; fato que não chegou a ocorrer em virtude da expulsão dos jesuítas. Em Portugal, foi aprisionado em locais não identificados.
          Enquanto cronista escreveu Memórias para a História do Extincto Estado do Maranhão, concluída em 1759, e seu primeiro tomo publicada no Rio de Janeiro no ano de 1860; o segundo tomo só será publicado em 1874. Pe. José Moraes ofereceu seu texto à memória da já falecida Rainha Marianna d’Austria (1634-1696), rainha consorte de Espanha de 1649 a 1665, como segunda esposa de Felipe IV e regente de 1665 a 1675 como mãe de Carlos II.
          A obra do Pe. José Moais foi publicada no Brasil como registro das Memórias para a História da Companhia de Jesus na extinta província do Maranhão e Pará, que compreendia vasta região compreendendo os atuais estados do Maranhão, Piauí, Pará e Amazonas (1621-1775). Em sua edição no Brasil, sob orientação editorial de Cândido Mendes de Almeida, foi publicada apenas a primeira parte do texto, contendo diversos capítulos; pois se considerava na época que a segunda parte da obra estivesse perdida. O que justificava esse juízo da perda da obra se encontrava no final do volume da publicação, em que há uma nota do autor na qual afirma, em primeira pessoa:
“Que foi o que pude salvar, com grande risco, do infeliz naufrágio que padeceu toda a Companhia de Jesus; porque a Segunda Parte naufragou no confisco, que se fez em todos os papéis”.
          A referida obra do Pe. José Morais trata das tentativas para estabelecimento de missões jesuíticas junto aos indígenas do Maranhão, desde as expedições de Pedro Coelho de Souza e Martins Soares Moreno, até o estágio alcançado no ano de 1759. Compreende um rico acervo de descrições notáveis dos feitos históricos dos jesuítas nessa região do País e do Mundo conhecido.
          Para nós que acabamos de passar pela efeméride dos 400 anos de “fundação” de São Luís e do próprio Estado do Maranhão, esta obra mereceria mais atenção; evitando em fim, polêmicas inúteis e despropositadas; assunto que não tratarei aqui, pois foi fartamente discutido nos VI Seminários promovidos pelo IHGM.
          Como resumo sumário do livro dividido em dois volumes, destacamos:
Livro I – Da Capitania do Maranhão, contendo treze densos capítulos históricos;
Livro II – Progressos da Companhia no Maranhão, encontramos oito capítulos com relatos mais específicos sobre a atuação dos primeiros jesuítas;
Livro III – Entrada da Companhia de Jesus na Capitania do Grão-Pará, como o próprio título indica, narra-se em dez capítulos os trabalhos no Estado do Pará;
Livro IV – Do que se seguiu da Entrada da Companhia no Pará e do Padre Vieira no Maranhão, em sete capítulos;
Livro V – De outras ações dos nossos Missionários no Estado do Maranhão, e do grande Padre Antonio Vieira até a sua partida para o Pará, em seis capítulos;
Livro VI – Da entrada do Padre Antonio Vieira na Capitania do Pará, do descobrimento espiritual do rio das Amazonas, e das aldeias que nele fundarão os Religiosos da Companhia de Jesus, em onze capítulos.
          No Tomo II, temos a continuação da história dos feitos da Companhia de Jesus, narradas e descritas com as mãos de outro cronista, já não mais pelas mãos do Pe. José de Morais. Após um longo ensaio de Cândido Mendes de Almeida, encontramos por fim, A Relação Sumária das Cousas do Maranhão, escrita pelo Capitão Simão Estácio da Silveira.
          Voltando ao Tomo I, escrito pelo Pe. José Morais cabe acrescentar que o mesmo escreve também a respeito das atividades desenvolvidas nos rios Madeira e Tapajós na Amazônia, tratando com maior atenção das aldeias, seus nomes, localização e missionários responsáveis. São escassos os dados sobre as sociedades indígenas, mas as informações cronologicamente organizadas permitem uma visualização do processo de implantação das aldeias nesta região.
          A obra de José de Morais se junta ao trabalho de outros dois cronistas da época, também privilegiados como fontes na elaboração de análises sobre a colonização da Amazônia e do Maranhão. São eles Betendorf e João Daniel, produzindo textos e relatos importantes, pois são escritos relevantes em função de seus vários pontos de vista sobre a realidade descrita; tornando seus registros um tanto diversos, mas complementares. Ambos eram igualmente padres jesuítas que permaneceram, por longos períodos, evangelizando na Amazônia e publicaram seus registros após receberem aprovações de seus superiores.
          Seus relatos abrangem diferentes períodos da colonização da Amazônia, permitindo um acompanhamento do processo dinâmico iniciado com a Conquista da região, durante um período de tempo maior: enquanto Betendorf selecionou e organizou em sua Crônica, informações sobre o Maranhão entre 1594 e 1698; João Daniel compilou dados relativos ao período que permaneceu no Maranhão e Grão Pará (1741-1757).
          Esses registros evidenciam o que se considera façanha de grande importância para a História da Evangelização cristã no mundo Ocidental. O patrono da cadeira número 10, nos deixa um legado de grande valor, que hoje pode ser acessado e lido através da Biblioteca do Senado Federal que disponibiliza toda sua obra aqui referida.
 Último Ocupante da Cadeira Número 10          Nesse momento, passo a tratar da breve vida de Dom Adalberto Acióly Sobral.  O mesmo foi o 27º Bispo do Maranhão e o 3º Arcebispo Metropolitano. Era sergipano e após receber o presbiterato exerceu interinamente as funções de Cura da Catedral de Maceió. Com a criação do Bispado de Sergipe em 03 de janeiro de 1910, passou a integrar o clero da nova Diocese, do qual foi Arcediago do Cabido da Catedral, Diretor Espiritual do Seminário, depois Reitor e Vigário Geral.
          Eleito Bispo da Barra, no Estado da Bahia, em 12 de abril de 1927, teve a sua remoção em 13 de janeiro de 1934 para a Diocese de Pesqueira, em Pernambuco. O Papa Pio XII o promoveu em 18 de janeiro de 1947 para a sede Arquiepiscopal do Maranhão, vindo a tomar posse solene a 18 de agosto daquele mesmo ano.
          Foi reconhecido como um homem de uma piedade e zelo pastoral edificantes, e segundo relatos, dedicou-se ao seu clero como um verdadeiro pai para com seus filhos. Há quem diga que quando chegou ao Maranhão já era portador da terrível doença, que ainda hoje desafia a medicina, e da qual faleceu em Aracaju, no dia 24 de maio de 1951. O seu corpo foi conduzido à São Luís, e depois de solenes exéquias oficiadas pelo Arcebispo de Belém do Pará, Dom Mario de Miranda Vilas Boas, sepultado na nossa Catedral da Sé.
          Dom Adalberto Acióly Sobral seguiu a frente do arcebispado por apenas 4 anos. Como já sofria da doença que o vitimou, antes de aportar à São Luís, teve pouco tempo para exercer seu trabalho clerical e de governança pastoral. Sexagenário, e já tendo sido aureolado com a fama de Apóstolo dos Sertões, que conquistara na Bahia, e de Bispo dos Pobres, como o chamaram em Pernambuco, não teve tempo de conquistar um terceiro cognome. Sua administração foi mais de gabinete, como se podem adivinhar as razões.
          Entre seus feitos destacamos a instalação do “Centro de Froamção Religiosa para Jornaleiros e Engraxates”, depois chamado de “Centro Pio XII” ou mais simplesmente de “Casa do Jornaleiro”.
          Assim, apesar de seu curto intercurso entre seus contemporâneos ludovicenses, recebeu dos intelectuais maranhenses uma expressiva homenagem, quando os membros do IHGM o elegeram sócio honorário dessa casa de cultura. Depois de morto recebeu ainda uma homenagem póstuma da Câmara Municipal que deu seu nome à rua da Cerâmica, no bairro do João Paulo.
 Palavras Finais. Termino esse breve discurso agradecendo publicamente o convite do Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz indicando meu nome para compor o IHGM; muito obrigado pela gentileza, reconhecimento, ajuda e amizade. E aproveito para agradecer também o acolhimento e aprovação da indicação, por parte da assembleia de confrades e confreiras.
          Estive pensando nos motivos que levaram Prof. Leopoldo Vaz a nos convidar para participar e integrar essa Instituição que possui vultos renomados de escritores, pesquisadores, professores e eruditos sobre a História, Geografia, Sociedade e Cultura do Maranhão. 
          Sou professor universitário, pesquisador e escritor que tem produzido investigações acerca da cultura e sociedade brasileira, e em especial, a maranhense, pelo menos nos últimos vinte anos; algumas vezes de modo mais sistemático, outras vezes de modo mais livre.
          Creio que ao participar do nosso II Encontro de Estudos Culturais, que organizamos no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, e do III Encontro: Cultura e Subjetividades, ocorrido no auditório do jornal O IMPARCIAL, o Prof. Leopoldo Vaz reconheceu nossa disposição em dar continuidade aos esforços de realização de estudos e pesquisas culturais sobre São Luís, o Maranhão e o país; orientando e estimulando estudantes e pesquisadores, com entusiasmo e dedicação.
          Quando digo nós é porque ainda tínhamos a companhia agradável, amorosa e criativa de Adriana Cajado Costa, que nos oferecia confiança e firme presença, qualificando o trabalho comum, com dignidade e beleza. Ela foi uma entusiasta do aceite desse convite; o que justifica nossa presença aqui e agora.
          Creio que foi esse conjunto de atividades e atmosfera de estudos e pesquisas que chamaram a atenção do Prof. Leopoldo Vaz, e de tantos outros amigos que conviveram conosco nesses últimos anos. E é isso que poderemos continuar oferecendo, muito embora, não contando mais com a presença e o apoio de nossa querida Adriana Cajado Costa; que se foi prematuramente.
          Nosso entusiasmo tinha uma fonte segura, quando ainda hoje nos encontramos sob o manto do luto; mas, nossa missão é dar continuidade e preservar os frutos dessa vida em comum, oferecendo nossos melhores esforços para o florescimento de novas perspectivas e olhares sobre a cidade de São Luís, o Maranhão e o Brasil. Conhecimento novo e mais que necessário, pois urgente e emergente, a fim de conduzir nossas vidas para melhores destinos.
 Muito obrigado a todos!

APRESENTAÇÃO DE ALEXANDRE CORRÊA

APRESENTAÇÃO DE ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA, NOVO OCUPANTE DA CADEIRA 10, PATRONEADA PELO PADRE JOSÉ DE MORAES (26 de setembro de 2012)

Por  LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (membro do IHGM)

Conheci o Alexandre há pouco tempo; em maio do ano passado. Estava às voltas com a organização de um evento de seu grupo de estudos -  CRISOL (GPEC – Grupo de Pesquisas e Estudos Culturais) [1] - ali no Domingos Vieira Filho. Greve de ônibus, e os inscritos não apareciam, assim como alguns dos palestrantes; eu era um deles e chegara 30 minutos antes da hora marcada. Observei aquele casal às voltas com as chaves, depois com abrir o auditório, a água, o café com bolachinhas, e ninguém chegava. Como era o único no auditório, até àquela hora, aproximou-se me desejando um bom-dia e pedindo desculpas, pois certamente o evento atrasaria... Identifiquei-me e conversamos um pouco. Entreguei meu material em “PowerPoint”, fizemos os testes, tudo certo. Só faltavam os participantes...
Logo em seguida, chegou o Reitor em exercício, o Prof. Oliveira, para falar sobre os 400 anos de São Luis e a programação que a UFMA estava preparando. Já éramos quatro; 15 minutos depois chegaram dois estudantes: tínhamos plateia. E o evento começou... Com as desculpas do Alexandre, por não iniciar no horário...
 Mas esse foi nosso primeiro encontro ao vivo e a cores. Já o conhecia de algum tempo. De seu trabalho, dos elogios que um seu aluno, o Rafael Aguiar fizera e, em seu nome me consultava se poderia participar do encontro do CRISOL. O tema seria a Capoeira, e poderia falar, também, sobre a programação do IHGM para os 400 anos... Aceitei, e Alexandre entrou em contato via correio eletrônico, convidando-me oficialmente.
 Depois disso, mantivemos contatos, sempre através de correio eletrônico, até um segundo convite, no segundo semestre, para outro evento do CRISOL, onde estreitamos nossos laços. E após ouvi-lo, ao vivo e a cores, nesse segundo evento, consultei-o se teria interesse em associar-se ao IHGM; precisamos estreitar os laços com a Academia, e alguém da área da Antropologia seria bemvindo... De imediato disse-me sim! Incentivado pela esposa, Adriana... Consultei então a Presidente Telma e esta me disse ser uma ótima aquisição. Desde então temos conversado...
Alexandre, de ultima hora, atendeu convite para nosso segundo Seminário como um dos debatedores; os presentes àquele evento extasiaram-se com suas palestras e erudição. Alguns sócios sugeriram um convite a ele, para acompanhar-nos nessa dura jornada. Informei que já fora formalizado o convite, e ele ceita-o. Breve o teríamos como Confrade. Esse dia chegou... 
Creio que - como me identifico -, Alexandre seja um maranhense que por descuido geográfico nasceu carioca. É do Rio de Janeiro, nascido em 1º de março de 1963, filho de Djalma Corrêa Filho e Maria Leny Fernandes Corrêa – ambos nascidos em 1940, e moradores do Rio de Janeiro; foi casado, desde 1997, com Adriana Cajado Costa (Brasiliense/DF, Psicóloga e Psicanalista), tendo dois filhos: Bruno de Lorenzo e Thiago Bello.
Aqui, lembro que Adriana, fisicamente, não está mais entre nós; acompanhamos a evolução de sua doença, as angustias do Alexandre e seus familiares, até a passagem para o outro plano...             O Professor-Doutor Alexandre Fernandes Corrêa começou sua formação intelectual na Escola Municipal Abílio Borges, localizada no bairro Humaitá/Botafogo; o Ensino Médio fez em escolas particulares: no Princesa Isabel, no Brasil-América e no São Fernando. Continuou os estudos, já em nível superior, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se bacharelou em Ciências Sociais: Antropologia (1986); Mestre em Antropologia Cultural, pela Universidade Federal de Pernambuco (1993); Doutor em Ciências Sociais (Antropologia), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001); e Pós-doutorado em Antropologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Tem um segundo Pós-Doutorado em Antropologia (UERJ-2009).
Em seu Doutorado em Ciências Sociais defendeu a tese que teve por título: “Vilas, Parques, Bairros & Terreiros (Patrimônios Bioculturais) - Novos Patrimônios na Cena das Políticas Culturais de São Luís e São Paulo”. A dissertação de Mestrado em Antropologia teve por título: “Festim Barroco: um estudo do significado cultural da festa dos Prazeres em Pernambuco”. E na graduação em Ciências Sociais - Antropologia discorreu sobre: “Academia de Ciências Humanas do Rio de Janeiro: aspectos históricos”.
            Seu interesse acadêmico abrange: (1) Patrimônio Cultural, tendo como objeto de estudo o imaginário social das práticas do patrimônio e da memória; (2) Memórias Sociais, que abrange estudos e pesquisas sobre as práticas sociais da memória; (3) Antropologia Urbana, onde estuda o meio urbano. Dedica-se ainda aos (4) Estudos Culturais, sobre o imaginário social relacionado às práticas sociais do patrimônio e da memória; (5) à Epistemologia da Complexidade, com estudos na área da Metodologia do trabalho científico implementada nos estudos e pesquisa sobre as praticas sociais do patrimônio e da memória; (6) Patrimônio Etnográfico, sobre tombamento e preservação de bens culturais folclóricos e populares na sociedade brasileira; e por fim, dedica-se à (7) Antropologia do Patrimônio Biocultural.
Atualmente, é professor Associado III da Universidade Federal do Maranhão. É Membro do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (UFMA). Líder do Grupo de Pesquisas e Estudos Culturais (CRISOL). Foi Membro do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão nos anos 2008-9.
         Tem publicado quatro livros:  O MUSEU MEFISTOFÉLICO E A DISTABUZAÇÃO DA MAGIA: análise do tombamento do primeiro patrimônio etnográfico do Brasil.. 1. ed. São Luís: UFMA, 2009. v. 300. 192 p.
 FESTIM BARROCO: culturanálise da festa de Nossa Senhora dos Prazeres de Jaboatão dos Guararapes/PE. 1. ed. São Luís: EDUFMA/PGCult, 2009. v. 1. 136 p.
 PATRIMÔNIOS BIOCULTURAIS: ensaios de antropologia do patrimônio e das memórias sociais. 1. ed. São Luís: EDUFMA, 2008. v. 500. 220 p.
 VILAS, PARQUES, BAIRROS E TERREIROS: novos patrimônios na cena das políticas culturais de São Paulo e São Luís. 1. ed. São Luís: EDUFMA, 2003. v. 100. 240 p.
         E em quatro outros, é autor dos capítulos seguintes:
 DINÂMICAS DAS PAISAGENS, DOS PATRIMÔNIOS E DAS MEMÓRIAS SOCIAIS NA ATUALIDADE: O Complexo de Dédalo em Perspectiva In: Flávio Leonel Abreu Silveira; Cristina Donza Cancela. (Org.). PAISAGEM E CULTURA: Dinâmicas do Patrimônio e da Memória na Atualidade. 1 ed. Belém: EDUFPA, 2009, v. 1, p. 179-194.
 SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO NO MARANHÃO: Reflexões sobre a Transmissão da Cultura Sociológica para Jovens. In: Manoel Matias Filho. (Org.). ESPAÇO DOS SOCIÓLOGOS. 1 ed. Natal: Espaço Social, 2009, v. 1, p. 78-85.
 METAMORFOSES CONCEITUAIS DO MUSEU DE MAGIA NEGRA: primeiro patrimônio etnográfico do Brasil. In: Manuel Ferreira Lima Filho; Cornelia Eckert; Jane Beltrão. (Org.). Antropologia e Patrimônio Cultural: Diálogos e Desafios Contemporâneos. 1 ed. Blumenau: Nova Letra, 2007, v. 1, p. 287-318.
 TEATRO DAS MEMÓRIAS E DO PATRIMÔNIO CULTURAL. In: Manuel Ferreira Lima Filho; Márcia Bezerra. (Org.). Os Caminhos do Patrimônio no Brasil. Goiânia: Alternativa, 2006, v. 1, p. 69-88.
            De sua vasta produção científica, destacamos: 28 artigos completos publicados em periódicos, 12 Textos em jornais de notícias/revistas, 16 Trabalhos completos publicados em anais de congressos, 17 Resumos publicados em anais de congressos; 19 Apresentações de Trabalho; 17 Produções técnicas; 19 Produções artística/cultural. Estão identificados ao final desta apresentação...            Perguntei ao Alexandre como veio parar em São Luis. Disse-me ser seu avô pernambucano, e desde sua formação e vivência no Rio de Janeiro - nascido na Zona Norte (Méier) e criado no bairro de Botafogo -, nutria uma atração muito grande pelo Nordeste.             São Luís foi a primeira cidade nordestina que conheceu; aqui, a grata surpresa: da cidade corresponder àquelas imagens que tinha na cabeça, sobre o passado colonial brasileiro. O centro urbano antigo de São Luís produziu pensamentos e sensações profundas, que até hoje são objeto de suas pesquisas e reflexões. Atualmente, ao realizar pesquisas sobre o Teatro das Memórias Sociais - as Festas e Rituais Comemorativos na sociedade local e nacional continua tentando responder aquele espanto inicial ao conhecer a cidade. Sua chegada foi num 25 de fevereiro de 1987, direto no Baile de Carnaval do Clube Jaguarema!             Acabou ficando por aqui, indo trabalhar com Teatro no Município de Morros, com a Profa. Maria de Jesus Medeiros Muniz e Silva; em seguida, começou a dar aulas de Sociologia para o Magistério na Escola de Carlos Cunha, da Rua do Sol; aulas de Antropologia, Sociologia e Geografia, no antigo CETEMA (Centro Teológico do Maranhão, da Igreja Católica). Em 1989, começou a dar aulas de Antropologia, como Professor Colaborador e Substituto na UFMA. Em 1990 iniciou curso de Mestrado em Antropologia Cultural na UFPE (concluído em 1993), do qual produziu o livro Festim Barroco. Em 1991, concurso público para Professor Auxiliar em Antropologia, pela UFMA.            Ter chegado a pleno Carnaval, foi um sinal de que as festas seriam objeto especial de reflexão e pesquisa, como se confirma no momento. Desde aquele fevereiro de 1987 que tenta, através do estudo e da pesquisa, conhecer e compreender a história e a cultura maranhense; trabalho que lhe tem dado muita satisfação e alegrias.           
 Seja bem vindo, Alexandre...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Posse e lançamento de livro na AGO do dia 26

Balanço do Ciclo

Sec. Clores Holanda, Pres. Telma Bonifácio e Vice Euges Lima
 A Assembleia Geral Ordinária (AGO) do dia 26 de setembro foi bastante movimentada, pois foi composta por três momentos, o primeiro, a pauta mais administrativa, fez-se um balanço do Ciclo de estudos/debates “A Cidade do Maranhão: uma história de 400 anos” , em seguida, tratou-se da proposta de reajuste das mensalidades para o ano vindouro e descontos para pagamentos feitos em dias.
A presidente, Profa. Telma Bonifácio discursou e destacou a importância do Ciclo no bojo das comemorações dos 400 anos de São Luís e a contribuição acadêmica das palestras e exposições proferidas durante os 18 meses de duração do evento. O vice-presidente, prof. Euges Lima, também se manifestou e avaliou o ciclo como positivo, ressaltando a tradição do IHGM em discutir e debater a história do Maranhão nesses tempos de efemérides.
Sobre as propostas de reajuste e descontos, os encaminhamentos foram no sentido da direção trazer uma proposta para ser apreciada pela próxima AGO do mês de outubro e aí então se tomar uma decisão sobre o tema.  A proposta sugerida pela direção de oferecer descontos nos pagamentos das mensalidades efetuadas até o dia 5 de cada mês, foi vista de forma positiva pelos membros.
Posse do Prof. Alexandre Correa
Alexandre Correa recebe o Certificado de membro efetivo
O segundo momento da AGO, a partir das 18 horas e 30 min. foi marcado pela posse do novo confrade, o professor pós-doutor da UFMA, Alexandre Correa, que tomou posse na cadeira de número 10, patroneada pelo Pe. José de Moraes, autor de “História da Companhia de Jesus na Extinta Província do Maranhão e Pará [1759]. Alexandre Correa é natural do Rio de Janeiro, mas reside em São Luís desde os fins da década de 1980. É professor do departamento de sociologia e antropologia da UFMA.
Lançamento de livros
Autores autografam obras
Por fim, o último momento, se deu com os lançamentos dos livros “Reflexões Bíblicas” do confrade e ex-presidente do IHGM, Edomir Oliveira e “Nunca pare de lutar” da autora, Fernanda Rufino. Estava presente também o reitor da UEMA,  professor José Augusto Oliveira, membro efetivo do IHGM, que aproveitou para doar a biblioteca do Instituto, a coleção de 11 livros recém lançados pela Eduema em homenagem aos 400 anos de São Luís.

                                       


A história está de luto, morreu Eric Hobsbawm

Do G1, com agências internacionais

  
Morre aos 95 anos em Londres o historiador Eric Hobsbawm
Intelectual é considerado um dos maiores historiadores do século XX.
Ele escreveu 'A era dos extremos', 'A era do capital' e outras obras.

O historiador britânico Eric Hobsbawm morreu de pneumonia nesta segunda-feira (1º) aos 95 anos no hospital Royal Free de Londres, informou sua família.
O intelectual marxista é considerado um dos maiores historiadores do século XX e escreveu "A era das revoluções", "A era do capital", "A era dos impérios", "Era dos extremos", entre outras obras.
Ele também era um entusiasta e crítico do jazz, escrevendo resenhas para jornais sobre o gênero musical e publicando o livro "História social do jazz".
Sua filha, Julia Hobsbawm, disse que "Ele morreu de pneumonia nas primeiras horas da manhã em Londres". "Ele fará falta não apenas para sua esposa há 50 anos, Marlene, e seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também por seus milhares de leitores e estudantes ao redor do mundo", disse.

'Muito comovida pela total gentileza e pelas
condolências de amigos e desconhecidos hoje
pelo meu amável e incomparável pai. Muito
obrigada', escreveu a filha de Hobsbawm, Julia


 
"Até o fim, ele estava se esforçando ao máximo, ele estava se atualizando, havia uma pilha de jornais em sua cama", completou a filha.
Na manhã desta segunda-feira, Julia escreveu em seu perfil no Twitter que se sentia "comovida" pela "gentileza e pelas condolências de amigos e desconhecidos hoje pelo meu amável e incomparável pai"

Trajetória
Eric John Ernest Hobsbawm nasceu de uma família judia em Alexandria, Egito, em 9 de junho de 1917. Seu pai era britânico, descendente de artesãos da Polônia e Rússia, e a família de sua mãe era da classe média austríaca.
Hobsbawn cresceu em Viena, Áustria, e em Berlim, Alemanha.
Ele aderiu ao Partido Comunista aos 14 anos, após a morte precoce de seus pais. Na ocasião, ele foi morar com seu tio. Na escola, ele informou o diretor que ele era comunista e argumentou que o país precisava de uma revolução.
"Ele me fez umas perguntas e disse 'Você claramente não faz ideia do que está falando. Faça o favor de ir à biblioteca e veja o que consegue descobrir'", disse em uma entrevista à BBC em 2012. "E então eu descobri o Manifesto Comunista [de Karl Marx] e foi isso", relatou, indicando o começo de sua formação marxista.
Em 1933, quando Hitler começava a subir no poder na Alemanha, Hobsbawm foi para Londres, Inglaterra, onde obteve cidadania britânica.
O historiador se filiou ao Partido Comunista da Inglaterra em 1936 e continuou membro da legenda mesmo após o ataque das forças soviéticas à Hungria em 1956 e as reformas liberais de Praga em 1968, embora tenha criticado os dois eventos. O ex-líder do Partido Neil Kinnock chegou a chamar Hobsbawm de "meu marxista predileto"
Anos depois ele disse que "nunca havia tentado diminuir as coisas terríveis que haviam acontecido na Rússia", mas que acreditava que no início do projeto comunista um novo mundo estava nascendo.
Durante a II Guerra Mundial, Hobsbawm foi alocado a uma unidade de engenharia que a presentou a ele, pela primeira vez, a classe proletária. "Eu não sabia muito sobre a classe proletária britânica, apesar de ser comunista. Mas, vivendo e trabalhando com eles, pensei que eram boas pessoas", disse à BBC em 1995.
O historiador aprovou neles a "solidariedade, e um sentimento muito forte de classe, um sentimento de pertencer junto, de não querer que ninguém os derrubasse".
Hobsbawm afirmou que ele tinha vivido "no século mais extraordinário e terrível da história humana".
Ele veio ao Brasil em 2003 participar da primeira edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), evento do qual foi estrela.

Hobsbawm afirmou que ele tinha vivido "no século mais extraordinário e terrível da história humana"

Vida acadêmica
Hobsbawm estudou no King's College de Londres e começou a dar aula na Universidade de Birkbeck em 1947, mais tarde tornando-se reitor da instituição. Ele também passou temporadas como professor convidado nos Estados Unidos e lecionou na Universidade de Stanford, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na Universidade de Cornel.
Em 1998, ele recebeu o título de Companhia de Honra. O prêmio, raramente concedido a historiadores, o colocou ao lado de ilustres como Stephen Hawking, Doris Lessing e Sir Ian McKellan.
Seu colega historiador A.J.P. Taylor, morto em 1990, disse que o trabalho de Hobsbawm se destacava pelas explicações precisas dos acontecimentos pelo interesse em pessoas comuns.
"A maior parte dos historiadores, por uma espécie de mal da profissão, se interessa somente pelas classes mais altas e pressupõem que eles mesmos fariam parte destes privilegiados se tivessem vivido um século ou dois atrás - uma possibilidade muito remota", escreveu Taylor. "A lealdade do Sr. Hobsbawm está firmemente do outro lado das barricadas", disse.

Obras
O primeiro livro de Hobsbawm, "Rebeldes primitivos", publicado em 1959, é um estudo dos que ele chamava de "agitadores sociais pré-políticos", incluindo ligas de camponeses sicilianos e gangues e bandidos metropolitanos, um exemplo de seu interesse pela história das organizações da classe trabalhadora.
No mesmo ano, ele escreveu uma obra sobre jazz e começou a colaborar como crítico para a revista "New Statesman" usando o pseudônimo Francis Newton, em homenagem ao trompetista comunista de Billie Holiday.
Em 1962, ele publicou "Era da revolução", primeiro de três volumes sobre o que chamou de "o longo século XIX", cobrindo o período entre 1789, ano da Revolução Francesa, e 1914, começo da I Guerra Mundial. Os seguintes foram "Era do capital" (1975) e "Era dos impérios" (1987).
O quarto livro da sequência, "Era dos extremos" (1994), retratou a história até 1991, o fim da União Soviética, foi traduzido para quase 40 línguas e recebeu muitos prêmios internacionais.
Suas memórias, publicadas quando tinha 85 anos, elencaram os momentos cruciais na história europeia moderna nos quais ele viveu e foram best-seller.
Seu último livro é "Como mudar o mundo", de 2011, e é um compilado de textos escritos desde a década de 1960 sobre Karl Marx e o marxismo.
De acordo com o jornal britânico "The Guardian", ele tem um livro em revisão a ser publicado em 2013.