Entrevista inédita concedida pelo professor Euges Lima em novembro de 2014 à jornalista Angélica Moreira da Revista de História da Biblioteca Nacional sobre o "achado" do pedestal do antigo Pelourinho de São Luís de 1815. Na edição de dezembro daquele ano foi publicada a reportagem “O Enigma da Pirâmide."
Revista de História da Biblioteca
Nacional - Quanto tempo durou a sua pesquisa?
Euges Lima -
Dez meses, desde o achado do opúsculo que me despertou interesse, intitulado: “A Cidade de S. Luiz: vestígios do passado (1926)
de autoria de Antonio Lopes e Wilson Soares, membros fundadores do então
Instituto de História e Geografia do Maranhão que continha a informação nova
para nós, historiadores contemporâneos, isto é, que o antigo Pelourinho de São
Luís (1815) não tinha sido totalmente destruído como se pensava, mas apenas,
parcialmente, pois seu pedestal permaneceu e teria sido reutilizado, servindo
como base da construção da chamada Pirâmide de Beckman, monumento mais recente,
inaugurado em 1910, no Parque 15 de
novembro, na atual Avenida Beira-Mar. A informação corrente na historiografia
nos últimos 88 anos, dava o Pelourinho como destruído dias antes do início da
República. A divulgação da pesquisa se deu em 11 de outubro deste ano.
RHBN - Havia equipe de pesquisa, ou foi
exclusivamente sua?
E. L. - Não
havia, não foi uma pesquisa coletiva, foi solitária, individual, também não
está ligada a nenhuma instituição. Não pesquisava o tema: Pelourinho de São
Luís, não era meu objeto de estudo. Tudo começa, quando nos foi mostrado o opúsculo
raro por uma funcionária da Biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico do
Maranhão, por conta de um processo de revitalização e reorganização do acervo,
a partir daí, passei a me interessar pelo conteúdo dessa publicação, que me
pareceu bastante interessante e continha uma certa raridade, pois trazia muitas
informações novas sobre prédios colônias, logradouros e monumentos do Centro
Histórico de São Luís. Em meio a várias leituras do material, acabei
encontrando essa informação da reutilização da base do Pelourinho de 1815 em um
outro monumento mais recente, de 1910, no caso, a Pirâmide de Beckman, então
percebi logo que se tratava de uma informação nova e em última instância,
esquecida ou perdida pela historiografia contemporânea e pela própria memória
histórica da cidade.
RHBN - Ela foi baseada em bibliografia e
observação, correto? Em especial do livro O cativeiro, 1992[1941], de Dunshee
de Abranches?
E.L. - Sim, fizemos
pesquisa bibliográfica, na historiografia sobre o tema e pesquisa in loco, de
campo, no monumento conhecido como Pirâmide de Beckman, onde fizemos várias fotos,
sob diversos ângulos e tomamos medidas. De fato, o livro O Cativeiro, assumiu
uma importância grande nesse processo, principalmente no que concerne a
confirmação do achado, pois o livro traz um desenho do Pelourinho em questão,
desenhado ou descrito provavelmente pelo próprio autor, com riqueza de detalhes
e bastante fidedigno. Dunshee de Abranches foi contemporâneo do antigo
Pelourinho e fez uma descrição bastante rica desse monumento que originalmente
estava situado no antigo Largo do Carmo, hoje, Praça João Lisboa. Nesse livro,
ele conta suas memórias de como viveu na São Luís escravagista da segunda
metade do século XIX.
RHBN - A matéria d’O Globo diz: “No
Cafua das Mercês, situado no bairro da Praia Grande, em São Luís, uma réplica
do pelourinho original instalado na Praça João Lisboa em 1815 também mostra a
semelhança das bases, além do tamanho, formato e largura do monumento”
a)
-
Existe réplica do pelourinho de 1815, cuja base foi revelada, agora?
Sim,
existe uma réplica, mas não em tamanho original, construída nos anos de 1970, está
localizada no Museu do Negro de São Luís, antigo mercado de escravos, conhecido
também como Cafua das Mercês, no Bairro do Desterro. Certamente, inspirada no
desenho contido no livro O Cativeiro de 1941, porém pouco exata na sua base em
relação ao original, talvez isso tenha dificultado a identificação com a
Pirâmide de Beckman, durante todo esse tempo.
b) - Ou a réplica se refere a um outro pelourinho de 1815 que ficava nessa
praça (Praça João Lisboa)?
Não
existe outro Pelourinho de 1815, a réplica é referente ao Pelourinho em
questão, porém, como já foi dito, o local originário, antes de ser destruída sua
coluna e seu pedestal servir como base da Pirâmide de Beckman, no Parque 15 de
novembro, na Avenida Beira-Mar, era o Antigo Largo do Carmo, hoje, Praça João
Lisboa, é apenas uma questão de toponímia, uma mais antiga e outra mais
recente.
c) - Onde fica essa praça ou se trata da mesma praça que existe no Parque
15 de novembro?
Não
se trata da mesma, a Praça João Lisboa, fica em outro local, bem no coração do
Centro de São Luís, no antigo Largo do Carmo, em frente a Igreja do Carmo,
local de origem do antigo Pelourinho e que depois da destruição parcial, fora
removido sua base para o Parque 15 de novembro, em 1910.
RHBN - Por que fazer uma réplica de um pelourinho?
E. L. - Acredito que para
ilustrar e enriquecer o acervo do Museu do Negro que estava sendo criado em
1975 em São Luís, somando-se a outros objetos que fazem referência ao cotidiano
dos negros na época da escravidão em São Luís e a cultura afro-brasileira.
RHBN - O que foi a pirâmide de Beckman?
Por que fizeram esse monumento? Por que a manutenção desse monumento até hoje?
E. L. - Bem, a chamada
Pirâmide de Beckman é um monumento que foi erigido em 1910, em homenagem a
Manoel Beckman, principal líder da chamada Revolta de Beckman de 1684, que foi uma
reação dos colonos maranhenses contra os desmandos e o monopólio da Companhia
de Comércio do Maranhão e Grão-Pará, conhecido por Estanco. Os revoltosos
também se posicionaram contra o fim da escravidão indígena e entraram em rota
de colisão com os jesuítas. O movimento de Beckman destituiu o poder local,
expulsou os jesuítas e aboliu o Estanco, mas não durou muito e foram rechaçados
pela Coroa portuguesa. Os principais líderes foram presos e enforcados. Os
historiadores acreditam que o Parque 15 de novembro, foi o local onde Beckman,
principal líder, fora enforcado, daí a escolha do local para instalação do monumento. Beckman foi visto pela historiografia oficial
maranhense como uma espécie de herói, precursor nacional do sentimento
independentista em relação a Coroa portuguesa, embora as principais
reivindicações do seu movimento estivessem mais ligadas às questões econômicas
que de independência política propriamente.
RHBN - O que o sr. pode dizer sobre essa
revolta de republicanos radicais, liderada por Francisco de Paula Belfort
Duarte?
E. L. - Paula Duarte era
um combativo jornalista, redator do Jornal republicano “O Globo” em São Luís e
integrante de Clubes Republicanos, conhecido pelo seu poder de persuasão e eloqüência
quando discursava em Praça Pública. O episódio da destruição do Pelourinho foi
comandado por ele com a ajuda de populares e ex-escravos, que a golpe de
machadadas e de malhos no dia 1.º de novembro de 1889, portanto, catorze dias
antes da Proclamação da República, destruíram esse monumento que era antes de
tudo, um símbolo da opressão negra em São Luís.
RHBN - O sr. Teria mais informações
sobre o pelourinho de Alcântara (de quando é, qual cidade e bairro ele fica,
etc.)?
E.L. - O Pelourinho da
Cidade de Alcântara é bem antigo, data do século XVII, 1648 e foi instalado na
Praça principal, em frente à Igreja Matriz de São Matias (hoje em ruínas) e a
Casa do Senado da Câmara, algo comum na época, pois originalmente os
pelourinhos representavam a autonomia do poder municipal de vilas ou cidades. Também
não escapou a essa onda de mutilação de símbolos da monarquia que varreu quase
todo o país com a mudança de regime. No caso de Alcântara, a simbologia é bem
anterior, remete ao período colonial e traz no seu topo não o brasão do Império
brasileiro, mas o brasão do Império português. Com a proclamação da República
teve sua parte superior, justamente onde fica o brasão, mutilada e depois
enterrada, ficando o restante da coluna no local original. Em 1948, por
iniciativa de José Alexandre Rodrigues, que promoveu uma verdadeira busca pela
outra parte do Pelourinho, acabou recebendo a informação de uma ex-escrava, com
mais de 90 anos, conhecida como Mãe Calu que a parte que faltava se encontrava
enterrada em frente às ruínas da Igreja matriz. Depois de escavar o local por
alguns metros, a parte superior do Pelourinho foi encontrada e o Pelourinho pôde
ser restaurado na sua integralidade e se encontra lá até hoje.
RHBN - E agora, o que será feito, qual
símbolo será mantido? Essa decisão seria exclusivamente da prefeitura, ou o
IHGM tem alguma ingerência?
Ainda
está muito recente, os órgãos públicos competentes, seja da esfera municipal,
estadual ou federal ainda não se manifestaram. Acredito que o poder público
deveria convocar reuniões ou até mesmo um seminário para discutir o achado e tomar
os encaminhamentos devidos, não vejo que seja o caso de alteração do atual
monumento, no caso, a Pirâmide de Beckman, pois este já se constituiu também
como um monumento de importante valor histórico, porém, acho que a partir dessa
nova informação, que estava perdida e que nós recuperamos, o olhar sobre o
monumento irá mudar, pois não será mais visto como apenas o monumento do início
do Século XX em homenagem a Beckman, mas agora, como também o monumento que
traz na sua base a própria base do antigo Pelourinho da cidade, que se
acreditava até então ter sido extinta em 1889, ou seja, foi agregado mais valor
histórico a um monumento que já existia e ao mesmo tempo se recupera um
artefato importante para a história do Maranhão, trazendo inúmeros desdobramentos
positivos. O IHGM, não terá ingerência, mas poderá agir como órgão consultor e
defensor do Patrimônio Histórico do Estado, conforme está explícito em seus
estatutos e tem sido a nossa linha de atuação.
RHBN -
O senhor gostaria de fazer algum comentário ou consideração?
E.L. - Só queria enfatizar
a importância do achado para História do Maranhão, era uma informação que
estava perdida em alfarrábios antigos, a produção historiográfica recente que
trata da história da cidade não traz essa informação, não fazem nenhum link
entre o Pelourinho de 1815 e a Pirâmide de Beckman, os historiadores
contemporâneos não faziam essa ligação, exceção é claro, aos autores do
opúsculo (1926), Antonio Lopes e Wilson
Soares que registraram isso, veja aí o valor do registro que nos permitiu recuperar
tal informação. Outro ponto importante é que isso poderá despertar ou reforçar
o interesse pelo estudo da temática, geralmente sempre sucinta nos manuais de
história do Maranhão, podendo a partir de agora, ganhar mais espaço e
importância. Finalizando, há algo que não podemos esquecer e que é imperativo
nos dias de hoje no que tange ao conhecimento histórico, é a divulgação ao
grande público, às pessoas comuns, a história não pode ficar restrita aos
círculos acadêmicos, é responsabilidade nossa sua divulgação e difusão. A
grande repercussão local que esse achado ganhou, serviu para também socializar
o conhecimento e trazer informações novas sobre a história da cidade.
Assim é, se lhe parece...
ResponderExcluirhttp://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2014/10/31/o-pelourinho-de-sao-luis-e-a-memoria-da-cidade-by-jose-marcelo-do-espirito-santo/
O PELOURINHO DE SÃO LUÍS E A MEMÓRIA DA CIDADE, by José Marcelo do Espírito Santo
Por Leopoldo Vaz • sexta-feira, 31 de outubro de 2014 às 09:13
1comentário
O PELOURINHO DE SÃO LUÍS E A MEMÓRIA DA CIDADE, by José Marcelo do Espírito Santo
ResponderExcluirPor Leopoldo Vaz • sexta-feira, 31 de outubro de 2014 às 09:13
1comentário
Recentemente, saiu publicado nas redes sociais e em alguns jornais da cidade a interessante ‘descoberta’ do pelourinho de São Luis, por um Professor de História da rede pública de nossa ciade. Num dos jornais, se atribuia a ‘descoberta’ ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, nossa mais antiga instituição de pesquisa, fundado em 1863, reaparecendoem 1917/18, e refundado em 1925…
Estive na última Assembléia Geral Ordinária do IHGM, e lá foi levantada a hipótese de que, efetivamente, o que ocorreu foi – vamos dizer assim… – uma ‘redescoberta’ da existência de restos do Pelourinho… Em edição recente do Dicionário de Cesar Marques, 2008, revista e ampliada, em 3a. Edição, em nota de pé-de-página já constava a localização do que sobrou – a base – do símbolo de poder colonial.
O Confrade Marcelo Espírito Santo já vem pesquisando o Pelourinho por conta exata do Marco de Beckman, e que o intriga é o uso do Pelourinho para comemorar uma Revolta que defendia a escravidão indígena! O artigo que está escrevendo volta-se mais para a discussão da re-significação da arte pública em São Luís, do que necessariamente glorificar o Pelourinho como peça arqueológica.
ResponderExcluirA pedido, e com base em sua manifestação na AGO da última quarta-feira do IHGM, encaminhou algumas considerações sobre o que foi publicado, como ‘descoberta arquológica’ pelo ilustre Professor de História, e atual presidente do IHGM; vamos ao texticulo do Marcelo do mEspírito Santo – amém!!!
ResponderExcluirO PELOURINHO DE SÃO LUÍS E A MEMÓRIA DA CIDADE
ResponderExcluirJosé Marcelo do Espírito Santo
Especial para o Blog
A base do antigo Pelourinho de São Luís encontra-se hoje como base do que conhecemos como Marco de Beckman, no Parque 15 de Novembro, em pleno Cais da Sagração. Devemos esta informação a Antonio Lopes da Cunha, fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) que, como um dos mais atentos pesquisadores da história da cidade, não permitiu perder-se em jornais antigos esta homenagem a Bequimão e muito menos perder-se o destino daquela peça histórica. Ele localizou o Pelourinho ludovicense.
Esta precisa informação do jornalista e advogado Antonio Lopes (1889-1950) foi trazida a conhecimento público desde o lançamento da nova edição do Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão de César Augusto Marques (em maio de 2009) por ação do Acadêmico Jomar Moraes, que nele consolidou os apontamentos de Lopes que se destinavam a uma 2ª edição da mesma obra nunca realizada. Pertence também a este livro de César Marques o registro da data de instalação de Pelourinho ludovicense: setembro de 1815.
Deve-se registrar também que foi João Dunshee de Abranches Moura (1867-1941) o responsável pelo registro de informações que corroboram e complementam, visualmente e de forma definitiva, a presença da base do Pelourinho de São Luís no Marco de Beckman.
ResponderExcluirHoje em dia tudo que nos agrada ou desagrada é registrado pela facilidade da fotografia digital. Antecipando-se a nossa atualidade marcada pelos smartphones e redes sociais, Dunshee de Abranches reproduziu em suas memórias a estrutura física do antigo Pelourinho. Seu livro O Cativeiro apresenta um desenho, sem autoria registrada, da peça que ele conheceu, instalada em frente à Igreja do Carmo.
Segundo Dunshee de Abranches o “pelourinho era uma coluna de mármore, alta de uns doze metros, trabalhada em feixes espiralados e partidos da base quadrilonga até o capitel”. A peça o desagradava, em seu constante passar pelo Largo do Carmo em direção ao escritório de seu pai, por conta de sua triste representação. Mais do que simbolizar a autoridade da Metrópole portuguesa sobre sua colônia, o pelourinho teve a função de expor os castigos e condenações a quem desobedecesse a lei. No Brasil, ficou associado ao período da escravatura.
ResponderExcluirO desenho publicado em seu livro possui uma precisão estilística que nos permite até a identificação do pelourinho ludovicense nos estilos artísticos adotados em Portugal neste mesmo tema escultórico. Devemos lembrar que Dunshee foi aluno do pintor Horácio Tribuzzi, e portanto, poderia possuir um mínimo de apreensão visual que permitiria a orientação precisa a um desenhista, ou até mesmo sua autoria direta. Esta imagem foi utilizada na construção da réplica do pelourinho existente na Cafua das Mercês (no governo Pedro Neiva de Santana) que registra o exato desenho da base, idêntico a base do Marco de Beckman, porém em escala bem menor do que o original.
São Luís, bem antes da proclamação da República, queria se livrar de seu Pelourinho, símbolo que para outras cidades brasileiras já representava uma opressão colonial que não mais se coadunava com o novo momento do Governo Imperial. Alegando que o monumento atrapalhava o trânsito público, a Câmara tentou a sua demolição em março de 1865, num pedido ao Rio de Janeiro, por tratar-se de um patrimônio do Império.
ResponderExcluirO pedido não surtiu efeito. O Governo Imperial já tinha abolido os castigos físicos em praça pública (comutados em prisão), porém ainda enxergava no Pelourinho o símbolo do poder da Corte.
Ainda segundo uma primeira versão de Antonio Lopes o Pelourinho teria sido danificado por populares liderados pelo republicano Francisco de Paula Belfort Duarte na tarde de 1º de novembro de 1889. Porém jornais locais não registraram esse fato e ao final do mesmo mês clamavam a destruição do que era visto como um acintoso símbolo da monarquia em praça pública. Apenas em 26 de novembro, por ordem do governo e com direito a cerimônia pública e discursos, o pelourinho ludovicense foi derrocado.
O monumento danificado permaneceu no Largo da Igreja do Carmo até 1890, quando o Governador Provisório José Thomaz da Porciuncula, nomeado pela Junta Provisória da República, determinou sua final demolição. A ordem foi cumprida pelo então Engenheiro do Estado Manoel Jansen Pereira, que conduziu o material restante para o pátio do Quartel do 5º Batalhão de Infantaria, então localizado na atual Praça Deodoro.
Somente a partir de julho de 1910 os jornais deram publicidade aos trabalhos de construção de um novo monumento, assim como a Prestação de Contas do Governador do Estado Luís Domingues registrou a reutilização de partes do antigo Pelourinho, que foi então complementado com uma pirâmide para compor o novo Marco comemorativo. Transformava-se uma antiga e esquecida peça, símbolo do poder colonial, numa homenagem a quem a sociedade maranhense entendia na época como o Mártir que antecipou por aqui o ímpeto de libertar o Brasil de Portugal.
Após ser inaugurado com grande festividade em 30 de setembro de 1910 em ponto um pouco mais afastado de sua atual localização, o Marco a Beckman foi transferido na década de setenta para seu local final, em pequeno largo urbanizado antes ocupado pelo canteiro de obras da empresa responsável pela construção da Ponte do São Francisco.
Ao reutilizar sua base, o Marco de Beckman proporcionou um pequeno testemunho desta peça histórica cujo paradeiro perdeu-se na lembrança de pesquisadores e cidadãos interessados no passado da cidade.
Pesquisar e reinterpretar nossa História faz parte do processo de produção do conhecimento. A História sempre será recontada através de novos olhos e de novos achados documentais. Mas não podemos esquecer que essa produção do conhecimento se faz por um acúmulo de contribuições.
Não podemos omitir a contribuição de pesquisadores e nos apropriar de suas informações pelo simples fato que ninguém os lê. Graças aos registros de César Marques, Dunshee de Abranches e Antonio Lopes ainda podemos reconhecer na cidade importantes elementos de nossa herança patrimonial, que estão por aí, prontos a serem “descobertos” novamente.
José Marcelo do Espírito Santo
Arquiteto, Professor de História da Arte da UFMA e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM
Categoria A VISTA DO MEU PONTO • História
UM CONTESTADOR QUE ME PARECE DESESPERADO
ResponderExcluirPor que será que a respeitável Revista de História da Biblioteca Nacional(RHBN) não quiz publicar esses seus mesmos comentários transcritos aqui de contestação(sem fundamentação e provas...)na época? Quase que desesperados, rs, no afã de querer a todo custo desmentir, desdizer, nossa pesquisa e achado, contestar é algo válido é normal, mas deve ter honestidade intelectual, não da forma como faz, antiética e não condizente com a de um "confrade." A jornalista em questão, afeita ao bom jornalismo, tratou de ouvir vários pontos de vistas(parece que menos o seu), fez ampla reportagem, pesquisa, entrevistando pesquisadores e historiadores, locais e de outros estados, professores universitários etc...Inclusive, o editor das novas edições de "O Cativeiro", Jomar Moraes, que na matéria, em momento nenhum, contesta,ao contrário, concorda e não cobra nenhum mérito da primazia da informação(relação entre o pelourinho e a pirâmide). Ele Reeditou em 1992 e 2012, O Cativeiro, mas em momento algum nas novas edições, faz menção a relação entre o Pelourinho e a Pirâmide de Beckman. Talvez a indiferença da RHBN e demais meios de comunicação e comunidade acadêmica as suas críticas, seja a falta de fundamentação e prova da contestação, APENAS CONTESTA, MAS NÃO PROVA A PRIMAZIA DA INFORMAÇÃO, SÓ DIZER NÃO BASTA, TEM QUE PROVAR...CITAR TEXTUALMENTE A INFORMAÇÃO...ALGO NUNCA FEITO PELO SR. O Prof. e arquiteto Marcelo do Espírito Santo, que publicou o texto acima citado pelo sr, só o fez muito depois que divulgamos o achado nas redes sociais. Divulgamos dia 11 de outubro de 2014 e o texto dele foi publicado no seu "Blog" dia 30 de outubro de 2014,como uma reação...Uma crítica, ou seja, a posteriori. FALAR DEPOIS QUE JÁ SABIA É FÁCIl...O interessante para além de só dizer algo que não tem validade no mundo acadêmico, mais rigoroso, que exige provas concretas, seria mostra em alguma bibliografia posterior a 1926, algum texto que comprove a relação ou conexão feita entre o Pelourinho e a base da Pirâmide de Beckman, novidade apontada por nós com base no opúsculo de 1926, escrito por membros do IHGM, isso é o cerne da questão. Simplesmente citar o opúsculo em referencias bibliográficas, não e suficiente para caracterizar tal conhecimento. Se suas críticas e contestações tivessem o menor fundamento e sentido, teria a sensatez de concordar e admitir, mas como sei que há mais de motivação pessoal explicita que qualquer outra coisa, só tenho a lamentar, não a contestação em si, mas a postura reprovável e desonesta intelectualmente.