segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Historiador lançará livro sobre becos e casarões de São Luís





Por Manoel dos Santos
Jornalista e membro do IHGM


Antônio Guimarães
O professor Antônio Guimarães de Oliveira, escritor maranhense que fez o maior sucesso na 9ª Feira do Livro de São Luís, realizada em outubro passado, está debruçado sobre a pesquisa que deverá resultar em sua mais nova obra, também enfocando o casario do centro histórico da capital maranhense.
Em outubro de 2015, Antônio Guimarães publicou “Pregoeiros & Casarões”, livro de 700 páginas com 2.330 fotos que mostra a cidade de São Luís de 1950 até 1979 por meio de imagens e textos bastante ilustrativos. Trata-se de uma obra que traça um perfil social e econômico da capital maranhense. Neste livro, o registro iconográfico da nossa história através do tempo é reconstituído de forma leve e objetiva.
Com o resgate de fotos antigas, este livro é um verdadeiro registro iconográfico que mostra pregoeiros de São Luís, a exemplo de vendedores de frutas, caranguejos; camelôs, políticos, também fatos históricos como greves e eleições; prédios, sobrados, estádios, formando um rico apanhado de tudo que foi relevante para a história de São Luís.
O novo livro do professor Antônio Guimarães, intitulado “Entre Becos & Casarões”, deverá ser lançado por ocasião da 10ª Feira do Livro, que acontecerá em São Luís, no próximo mês de outubro.
“São Luís, patrimônio histórico da humanidade, é uma cidade fácil de ser entendida, tomando como referência as ruas, avenidas e largos. Composta por um conjunto harmônico de casarões, igrejas, catedrais, becos, travessas, palácios, palacetes, forma um complexo arquitetônico único. Temos que discutir o que foi destruído pelo tempo, pelos homens ou mesmo pelo acaso”, afirma Guimarães.
Professor da rede pública estadual, onde leciona História, Filosofia e Ética, ele já é autor de 10 livros publicados: “O Algodão no Mearim”, “Artigos Diversos”, “O Parto da Insônia”, “O Arquivista Acidental”, “Algodão: Ouro Branco (Tempo e Espaço)”, “A Fuga do Perfume”, “Estação Ecológica Sitio do Rangedor: uma proposta educacional”, “São Luís: Memória e Tempo”, “São Luís em Cartões Postais e Álbuns de Lembranças” e “Pregoeiros & Casarões”.
O inicio do sucesso editorial deste jovem escritor maranhense deu-se na 1ª Feira do Livro de São Luís, onde foi exatamente a inscrição nº 01, assinada pelas curadoras Lúcia Nascimento e Teresa Valois. Atualmente, ele ocupa a Cadeira nº 32 da Academia Maranhense Maçônica de Letras, cujo patrono é o escritor e músico João Batista Lopes Bogéa, e revela que, além de “Entre Becos & Casarões”, prepara a publicação de outros livros, entre os quais A Luz, O Homem, Gurupi e sua aldeia, e Insurreição no arquivo.
Recentemente, Guimarães foi eleito para ocupar a Cadeira nº 9 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), patroneada pelo historiador Bernardo Pereira de Berredo e Castro. “Fazer parte de uma Academia de Letras, de um Instituto Histórico e Geográfico, torna-se gratificante para o escritor, o letrista e outros artistas”, afirma Guimarães.
Ele ainda está estudando uma data propícia para efetivar a sua posse no IHGM. “Estou na dependência somente de familiares e alguns convidados que moram na Europa, o que é o caso de Maria Rosa Pacheco Machado, neta do intelectual, cônsul e fundador da Academia Maranhense de Letras e uma pessoa que não pode faltar. E a bibliotecária Marly, que é bibliotecária da Biblioteca do Congresso Americano para América Latina”.

Fonte: http://blog.jornalpequeno.com.br/manoelsantos

Entre a batina, a toga e as musas





Ana Luiza Almeida Ferro

A 19 de fevereiro de 1978, aos 77 anos, transpôs o umbral da eternidade um dos personagens mais fascinantes e destacados das letras maranhenses. Um homem de muitas facetas, que navegou, com semelhante desenvoltura, pelos mares do sacerdócio, da política, do jornalismo, da magistratura e das letras. Um padre que fez história.
Nasceu em Matinha, onde aprendeu as primeiras letras, findando o curso primário na cidade de Viana. Em São Luís, estudou no Seminário de Santo Antônio. Ordenado sacerdote em 1925, cedo trocou o púlpito do clérigo pela tribuna do político. Apoiou a Coluna Prestes e integrou a Aliança Liberal, qualificando-se como uma das principais figuras da causa da Revolução de 1930 no Maranhão, para a qual contribuiu ativamente como jornalista e orador inflamado. Governou o Maranhão pelo breve e tumultuado período de 09 de janeiro a 18 de agosto de 1931, como Interventor Federal, com o assentimento a custo de D. Octaviano de Albuquerque, arcebispo de São Luís, batendo-se contra sérios problemas administrativos e a feroz oposição liderada por Reis Perdigão e Tarquínio Lopes Filho. E ganhou repercussão no país a notícia de sua convivência em palácio com uma mulher casada, mãe de um filho seu. Foi suspenso das ordens sacras e retirado das rédeas do Executivo. Preso, por poucos dias, em 1935, em razão de sua simpatia pela Aliança Nacional Libertadora, mudou-se, em 1937, para o Rio de Janeiro. Lá renunciou à batina e ocupou vários cargos públicos, de início sob a era Getúlio Vargas e, depois, sob o governo de Eurico Gaspar Dutra, destacando-se a sua nomeação, em 1949, para ministro do Tribunal Superior do Trabalho, de que exerceu a presidência em 1964.
Mas a pena do magistrado jamais sombreou a do escritor. Celebrado historiador, memorialista e poeta, possui caudalosa bibliografia, com trabalhos publicados e inéditos: Gleba que canta e Profetas de fogo (poesias); Homenagem à mulher maranhense; Noventa dias de governo, Aspectos de uma campanha e Discursos políticos (política); O Guesa errante, um estudo sobre o poema homônimo de Sousândrade; Terra enfeitada e rica (crônicas); Caxias e o seu governo civil na Província do Maranhão, obra historiográfica de fôlego sobre o Patrono do Exército brasileiro, com prefácio de Eurico Gaspar Dutra; A vida simples de um professor de aldeia, biografia de seu pai Joaquim Ignácio Serra; A Balaiada, sem dúvida, seu livro mais conhecido; A vida vale um sorriso e Uma aventura sentimental (novelas); Gonçalves Dias e os problemas da economia nacional, outro estudo; e a deliciosa obra Guia histórico e sentimental de São Luís, dentre outros preciosos legados.
Algumas dessas obras e fotografias, diplomas e outros documentos ligados à sua trajetória de vida podem ser encontrados no Centro de Memória e Cultura do TRT-MA, localizado no fórum local que leva o seu nome.
Integrou os quadros da AML e do IHGM. Tenho o privilégio de ocupar a Cadeira nº 36 deste instituto, patroneada pelo padre secular que fez história, seja como protagonista, seja como seu intérprete: Astolfo Henrique de Barros Serra.

Promotora de Justiça, Doutora e Mestre em Ciências Penais (UFMG), sócia efetiva do IHGM e membro da ALL