Do Blog Theoretical Something's
Por Eder Santana
Por Eder Santana
“Eu
me divirto com a mediocridade alheia”. (um nosso irmão)
“Ah,
meu filho, eu não nasci pra viver em cortiço”. (mamãe)
Aluísio Azevedo/Divulgação |
As
frases acima foram as que nos motivaram a ler o O Cortiço de Aluísio Azevedo.
Na edição deste livro que tem aqui em
casa, vão algumas considerações interessantes sobre o autor, dizendo inclusive,
que ele foi o primeiro brasileiro a viver unicamente da literatura. Achei muito
interessante um conterrâneo ser o primeiro a fazer algo, visto que nossa terra
(São Luís do Maranhão) tem fama de copiar e abrir barbearias uma do lado da
outra pra “fazer concorrência”. Porém, o fato deste escritor ter vivido no
século XIX fez com que não seja fácil obter informações cruciais do tipo “como
esse sujeito fazia pra conseguir sobreviver só escrevendo?”. Isto é o que nos
inspirou a [invent...|deletar] teorizar
Os sete hábitos de trabalho de Aluísio
Azevedo.
1.Acordar
cedo e escrever. Por se levantar às 4:30 da manhã, Aluísio tinha a casa em
total silêncio por pelo menos quatro horas. Além disso, isto fez com que ele
pudesse trabalhar todos os dias no horário em que estava mais bem disposto e
muito antes das obrigações triviais.
2.Trabalhar
em blocos de tempo. Enquanto escrevia Casa de Pensão, o autor percebeu que era
mais produtivo quando fazia pequenas pausas após alguns períodos de trabalho.
Por isso, ele se valia de uma ampulheta que o fazia levantar de 50 em 50
minutos para descansos de 10 minutos para fazer alguns alongamentos, comer umas
frutas, ir ao banheiro, etc. Ele afirma que esta é uma boa prática porque
distrações são inevitáveis, logo, o melhor a se fazer é definir uma ordem para
distração.
3.Água
sempre à mão enquanto trabalha. O senhor escritor de O Mulato fazia aquelas
rápidas meditações, para decidir a melhor forma de escrever alguma idéia,
ingerindo alguns goles d’água. Disse em uma carta à esposa que água o ajudava a
receber inspiração, além disso, evitava ter que levantar antes do horário de
descanso só para se hidratar.
4.Dois
projetos por vez, um por dia. Enquanto trabalhava em obras naturalistas, que
denominava artísticas, Azevedo também escrevia romances de folhetim comerciais
que ajudavam a manter as contas em dia. Ele sempre trabalhava em uma obra
artística e umacomercial ao mesmo tempo, no entanto, só escrevia para uma ou
outra por dia, para evitar se sentir sobrecarregado. Em um de seus diários vai
escrito “…como o atleta que num dia exercita os braços e no outro as pernas, eu
forço os meus bíceps naturalistas alternadamente com os gastrocnêmios
românticos. Enquanto um músculo trabalha, outro descansa e ambos se
desenvolvem…”
5.Ambidestria.
Passar horas e horas escrevendo não é fácil. Lesões nos punhos e ombros eram (e
ainda são) um mal comum entre os autores. Além disso, o escritor em questão se
recusava a “desperdiçar um membro útil” e treinou diariamente sua mão esquerda
para escrever tão bem e rapidamente quanto a esquerda.
6.Redação
bosquejada. Ele aprendeu a desenhar e pintar quando pequeno. E é por isso que
sua mesa de trabalho estava sempre cheia de ilustrações que fazia para serem
utilizadas como referências do que deveria descrever de cada cena. O desenho o
ajudava a não se sentir perdido e o impedia de ser prolixo.
7.Inspirar-se
lá fora. Seguindo os exemplos de Zola, que conviveu seis meses com os mineiros
mineradores para escrever Germinal, A2 ia toda sexta feira para os bares de
classe média e baixa “olhar o movimento“. Esta experiência com aqueles que
analisava deu tamanha veracidade a suas obras que as suas vizinhas malediziam:
”… eu é que não sei se Azevedo não andou se engatando nos toutiços das
lavadeiras de quem ele fala em seus “livros nojentos” (como o povo se referia
às obras naturalistas)”.
…
Artur, meu irmão, espero um dia que meus métodos sirvam de inspiração para
gerações futuras. Não para deixar testemunho de mim mesmo, mas para que
sobreviva a obra sobre o homem… (Aluísio Azevedo, em uma carta ao irmão mais
velho)