sábado, 15 de março de 2014

Os sete hábitos de trabalho de Aluísio Azevedo

 Do Blog Theoretical Something's


Por Eder Santana 

“Eu me divirto com a mediocridade alheia”. (um nosso irmão)
“Ah, meu filho, eu não nasci pra viver em cortiço”. (mamãe)


Aluísio Azevedo/Divulgação
As frases acima foram as que nos motivaram a ler o O Cortiço de Aluísio Azevedo. Na  edição deste livro que tem aqui em casa, vão algumas considerações interessantes sobre o autor, dizendo inclusive, que ele foi o primeiro brasileiro a viver unicamente da literatura. Achei muito interessante um conterrâneo ser o primeiro a fazer algo, visto que nossa terra (São Luís do Maranhão) tem fama de copiar e abrir barbearias uma do lado da outra pra “fazer concorrência”. Porém, o fato deste escritor ter vivido no século XIX fez com que não seja fácil obter informações cruciais do tipo “como esse sujeito fazia pra conseguir sobreviver só escrevendo?”. Isto é o que nos inspirou a [invent...|deletar] teorizar  Os sete hábitos de trabalho de Aluísio  Azevedo.
1.Acordar cedo e escrever. Por se levantar às 4:30 da manhã, Aluísio tinha a casa em total silêncio por pelo menos quatro horas. Além disso, isto fez com que ele pudesse trabalhar todos os dias no horário em que estava mais bem disposto e muito antes das obrigações triviais.
2.Trabalhar em blocos de tempo. Enquanto escrevia Casa de Pensão, o autor percebeu que era mais produtivo quando fazia pequenas pausas após alguns períodos de trabalho. Por isso, ele se valia de uma ampulheta que o fazia levantar de 50 em 50 minutos para descansos de 10 minutos para fazer alguns alongamentos, comer umas frutas, ir ao banheiro, etc. Ele afirma que esta é uma boa prática porque distrações são inevitáveis, logo, o melhor a se fazer é definir uma ordem para distração.
3.Água sempre à mão enquanto trabalha. O senhor escritor de O Mulato fazia aquelas rápidas meditações, para decidir a melhor forma de escrever alguma idéia, ingerindo alguns goles d’água. Disse em uma carta à esposa que água o ajudava a receber inspiração, além disso, evitava ter que levantar antes do horário de descanso só para se hidratar.
4.Dois projetos por vez, um por dia. Enquanto trabalhava em obras naturalistas, que denominava artísticas, Azevedo também escrevia romances de folhetim comerciais que ajudavam a manter as contas em dia. Ele sempre trabalhava em uma obra artística e umacomercial ao mesmo tempo, no entanto, só escrevia para uma ou outra por dia, para evitar se sentir sobrecarregado. Em um de seus diários vai escrito “…como o atleta que num dia exercita os braços e no outro as pernas, eu forço os meus bíceps naturalistas alternadamente com os gastrocnêmios românticos. Enquanto um músculo trabalha, outro descansa e ambos se desenvolvem…”
5.Ambidestria. Passar horas e horas escrevendo não é fácil. Lesões nos punhos e ombros eram (e ainda são) um mal comum entre os autores. Além disso, o escritor em questão se recusava a “desperdiçar um membro útil” e treinou diariamente sua mão esquerda para escrever tão bem e rapidamente quanto a esquerda.
6.Redação bosquejada. Ele aprendeu a desenhar e pintar quando pequeno. E é por isso que sua mesa de trabalho estava sempre cheia de ilustrações que fazia para serem utilizadas como referências do que deveria descrever de cada cena. O desenho o ajudava a não se sentir perdido e o impedia de ser prolixo.
7.Inspirar-se lá fora. Seguindo os exemplos de Zola, que conviveu seis meses com os mineiros mineradores para escrever Germinal, A2 ia toda sexta feira para os bares de classe média e baixa “olhar o movimento“. Esta experiência com aqueles que analisava deu tamanha veracidade a suas obras que as suas vizinhas malediziam: ”… eu é que não sei se Azevedo não andou se engatando nos toutiços das lavadeiras de quem ele fala em seus “livros nojentos” (como o povo se referia às obras naturalistas)”.

… Artur, meu irmão, espero um dia que meus métodos sirvam de inspiração para gerações futuras. Não para deixar testemunho de mim mesmo, mas para que sobreviva a obra sobre o homem… (Aluísio Azevedo, em uma carta ao irmão mais velho)

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