Para
alguns, quando se fala em Jerônimo de Albuquerque, remete-se logo a uma
importante avenida que corta vários bairros de São Luís, aberta durante a
década de 1970, quando a cidade começava a expandir-se. Mas que história
estaria por trás desse personagem
histórico que nomeia essa via?
Jerônimo
de Albuquerque nasceu em Olinda, Pernambuco no dia 22 de abril de 1548, era um
mameluco, filho de índia, Maria do Espírito Santo Arco Verde, mais pai
português, Jerônimo de Albuquerque, “o Torto”, também conhecido como o “Adão
pernambucano”, devido sua grande prole. Jerônimo pai, chegou ao Brasil em 1535,
em companhia de seu cunhado, Duarte Coelho, o primeiro donatário da Capitania
de Pernambuco.
Portanto,
Jerônimo de Albuquerque era produto da mistura dessas duas culturas, a nativa,
indígena e a europeia, portuguesa, era um líder militar desse Brasil que estava
surgindo e sendo conquistado e colonizado pelos portugueses. Em fins do século
XVI, a mando do Capitão-Mor de Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem, liderou
uma companhia de infantaria para expulsão dos franceses do Rio Grande, obtendo
sucesso e demonstrando grande habilidade nessas guerras de conquistas da Costa
Leste-Oeste, sendo considerado o fundador da Cidade de Natal, Capital do Rio
Grande do Norte.
Nesses
primeiros tempos da colonização do Brasil, Portugal disputa com a França a
conquista e posse do litoral brasileiro. Os franceses sejam piratas, corsários
ou colonizadores, tentam se instalar nas terras do Brasil, desde o sul até o
norte e na medida em que vão sendo expulsos do sul pelos portugueses, vão
avançando em direção ao norte, região que os portugueses ainda não tinham
conseguido colonizar. Segundo o historiador cearense, Capistrano de Abreu,
“durante muito tempo ficou indeciso a quem pertenceria o Brasil, se aos
portugueses ou aos franceses”, tal era a incursão desses últimos na costa
brasileira.
É
nesse contexto de disputas franco-lusitanas pela posse do Brasil e por ser
considerado pelo então Governador do Brasil, Gaspar de Sousa, o mais indicado
para liderar a conquista e colonização das terras do Maranhão, por ser
experimentado nas coisas e guerras do sertão, por ser meio índio e ter um bom
relacionamento com as tribos é que Jerônimo de Albuquerque até então “o
Mameluco”, irá liderar essa expedição que ficou conhecida como Jornada do
Maranhão.
Embora
enfrentando muitas adversidades, para conseguir formar uma força razoável para
realização de tal missão, como arregimentar soldados, índios, víveres,
armamentos, navios, apoio financeiro, etc. Jerônimo de Albuquerque, para quem
“um pedaço de cobra e um punhado de farinha seriam o bastante para se manter
alimentado” em qualquer jornada, consegue formar um exército, mesmo sendo o
mais mal armado, mal alimentado e maltrapilho que já se teve notícia nesse
período.
Mas
é com a experiência, otimismo e a perseverança inabalável de Jerônimo e seu
ajudante, Diogo de Campos Moreno, Sargento-mor do Brasil que essas tropas
chegaram em outubro de 1614 no sítio de Guaxenduba e se fortificaram,
atualmente, praia de Santa Maria, município de Icatu. No fatídico 19 de
novembro, travaram a lendária Batalha de Guaxenduba, onde de forma
surpreendente, infligiram humilhante derrota às superiores forças francesas de
la Ravardière que por conta de seu excesso de confiança, erros estratégicos e
por adotar um modelo de combate aos moldes de Flandres, como se fazia na
Europa, acabou sendo surpreendido pelas tropas de Jerônimo de Albuquerque que
adotaram um modelo de guerra típico do Brasil, onde misturavam-se elementos
portugueses com elementos indígenas, com estratégias e táticas de guerras
brasílicas, ou seja, à maneira do Brasil, fator preponderante para improvável
vitória portuguesa nesse conflito pela posse do Maranhão.
Expulsos
os franceses do Maranhão em 9 de janeiro de 1616 com o reforço da esquadra e
tropas de Alexandre de Moura, foi Jerônimo de Albuquerque Maranhão, nomeado
Capitão-Mor e seguindo a orientação da Corte de Madri, com base no traçado
urbano feito pelo engenheiro-mor do Brasil, Francisco Frias de Mesquita – que
integrou as tropas lusitanas – Tratou Jerônimo de Albuquerque de iniciar o
processo de construção da urbe de São Luís. Seu governo durou dois anos e
segundo afirma o Barão do Rio Branco em sua “Efemérides Brasileiras”, morreu em
11 de fevereiro de 1618, aqui em São Luís, próximo de completar 70 anos.
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