São
Luís – Mesmo sem nenhum apoio do poder público maranhense, seja estadual ou
municipal, apenas com o apoio exclusivo de seus sócios, como vem fazendo ao
longo dos anos, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), realizou ontem (23) à tarde, em sua sede, uma concorrida
Conferência que trouxe como tema os 400 anos da morte de Jerônimo de
Albuquerque Maranhão, colonizador português e primeiro Capitão-Mor do Maranhão.
A
conferência trouxe um diferencial a mais, pois foi proferida por um descendente
direto de Jerônimo de Albuquerque, o seu nono neto, o professor carioca, pesquisador e genealogista, Paulo de Albuquerque Maranhão que também é sócio correspondente do IHGM,
IHGRN, membro do Instituto Brasileiro de História Militar e de outras agremiações
cientificas e culturais.
A
tarde de debates, contou também com a participação de historiadores e
pesquisadores locais, como a professora
aposentada da UFMA e UEMA, a historiadora Maria de Lourdes Lacroix, o professor e historiador Euges Lima
e o pesquisador José Almeida de Icatu. O
evento foi aberto ao público interessado, professores e estudantes.
Segundo
o presidente do IHGM, professor Euges Lima, “foi uma conferência revestida de
grande êxito, no que concerne a qualidade das exposições, a riqueza do debate,
além de uma grande participação do público, superando todas as expectativas,
com mais de cem pessoas presentes, lotando assim, a capacidade do auditório
do IHGM. Isso só demonstra o interesse do público pela história, em especial a
do Maranhão.”
Jerônimo de Albuquerque Maranhão
Filho
do português Jerônimo de Albuquerque e da indígena pernambucana M'Uirá Ubi
(Arco Verde, em português), batizada com o nome de Maria do Espírito Santo
Arcoverde, filha do cacique Uirá Ubi, Jerônimo de Albuquerque Maranhão
notabilizou-se nas lutas travadas contra os franceses, na Região Nordeste do
Brasil.
Sua
primeira atuação destacada ocorreu quando, à frente de uma companhia que lhe
foi entregue pelo Capitão-mor de Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem,
empreendeu a reconquista da Capitania do Rio Grande (atual estado brasileiro do
Rio Grande do Norte) - que fora invadida pelos franceses - onde ele viria a
fundar a cidade de Natal (1599). Por conta desse feito, foi-lhe atribuído o
título de fidalgo.
Em 9
de janeiro de 1603, foi nomeado Capitão-mor do Rio Grande, em substituição a
João Rodrigues Colaço, que o antecedera no cargo. No ano seguinte, concedeu uma
sesmaria de 5.000 braças em quadra, aos seus filhos Matias e Antônio de
Albuquerque,[1] em cujas terras logo foi instalado o engenho de cana de Cunhaú,
que se tornaria o mais importante núcleo econômico da Capitania.
Em
17 de junho de 1614, foi nomeado "capitão da conquista do Maranhão",
região que então se achava sob o domínio dos franceses, que nela haviam erigido
o forte São Luís e instalado uma colônia - a França Equinocial.
Em
reconhecimento aos seus relevantes serviços, Jerônimo de Albuquerque foi
nomeado capitão-mor da Capitania do Maranhão, cargo que exerceu por dois anos
(1616 a 1618), até sua morte, sendo sucedido por seu filho, Antônio de
Albuquerque Maranhão.
Onde morreu Jerônimo ?
Por
algum tempo, pairaram dúvidas sobre o local da morte do guerreiro. Enquanto o
Barão do Rio Branco, em seu livro, "Efemérides Brasileiras", afirmava
que Jerônimo falecera no dia 11 de fevereiro de 1618, em São Luis do Maranhão,
Borges da Fonseca, em "Nobiliarquia Pernambucana", sustentava que ele
morrera no Engenho Cunhaú, no Rio Grande do Norte.
“A
dúvida persistiu até a descoberta de uma antiga pedra tumular, medindo cerca de
1,24 x 0,69m, localizada no piso da Capela do Engenho, ao pé do retábulo.
Bastante desgastada pelo tempo, a pedra contem uma inscrição, quase apagada,
mas onde ainda é possível ler: QUIJA O DADO JNIMODE ALBUQ.MARANHÃO (Aqui jaz o
fundador, Jerônimo de Albuquerque Maranhão),” ressaltou o conferencista.
Atualmente,
Jerônimo Albuquerque Maranhão é nome de diversas ruas e avenidas em cidades
brasileiras, inclusive em São Luís, nomeando uma das principais da cidade.