segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Francesa, Portuguesa...Ou Fenícia ?




Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Prof. de Ed. Física, Mes. em Ciência da Informação e membro do IHGM.

 
Arqueologia (do grego, « arqué », antigo ou poder, e « logos », discurso depois estudo, ciência) é a disciplina científica que estuda as culturas e os modos de vida do passado a partir da análise de vestígios materiais, relacionada fundamentalmente à pré-história e às civilizações da antiguidade, embora mais recentemente a metodologia arqueológica vem se aplicando a etapas mais recentes, como a Idade Média ou o período industrial. Na atualidade, os arqueólogos dedicam-se cada vez mais a fases tardias da evolução humana, como a arqueologia industrial [1].
Pedro II foi um dos grandes incentivadores da ciência no Brasil, custeando expedições ao interior e ao litoral brasileiro, utilizando o então Museu Imperial – agora Museu Nacional – como ponto de partida para as expedições e visando encontrar potenciais de inúmeras áreas: Botânica, Zoologia, Arqueologia, Geologia entre outras Devido a essa fase de incentivos a pesquisa arqueológica que no momento tinha uma grande ação de amadores em busca de cidades perdidas, chamada de período “Dos primeiros arqueólogos brasileiros à busca das cidades perdidas”.
A criação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB) também é desse período e enfatiza a consolidação nacional e criação de uma identidade nacional. Em 1863 tivemos a fundação de um Instituto Histórico e Geográfico, aqui no Maranhão, mas que não foi adiante; no ano de 1918, por influencia do IHGB tivemos uma (re)fundação do IHGM, pelo dr. Simões da Silva; e em 1925 é fundado o atual Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM –, por Antonio Lopes da Cunha [2].
Borralho (2011) [3] considera haver uma relação dos fundadores do IHG e a geração fundadora da Oficina dos Novos, tais como Antonio Lopes da Cunha, Arias Cruz, José Eduardo de Abranches Moura, Barros e Vasconcelos, Domingos de Castro Perdigão, José Domingues da Silva, José Ferreira Gomes, José Pedro Ribeiro, Justo Jansen Ferreira, José Ribeiro do Amaral, Wilson Soares. Muito mais presentificada e personificada na relação dos sócios efetivos, como em Antonio Lopes Dias, Carlota Carvalho, Manuel Francisco Fran Paxeco, Raimundo Lopes da Cunha, Virgilio Domingues, Domingos Américo de Carvalho. Todos eles eram signatários da idéia de perpetuação das tradições do Estado, proclamada primeiro pela Oficina dos Novos, depois Academia Maranhense de Letras, Faculdade de Direito, Sociedade Musical Maranhense e finalmente, Instituto de História e Geografia que na sua renovada formação, em 1951, passaria a se chamar Instituto Histórico e Geográfico Maranhense.

 ARQUEOLOGIA MARANHENSE [4]

Embora haja quem coloque que no Maranhão os estudos arqueológicos ainda não despertaram interesse (BANDEIRA, 2002) [5], a criação do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, naquele ano de 1925 demonstra que havia, sim, interesse no desenvolvimento dessa ciência:
Artigo 1 – Fica fundada nesta cidade de São Luiz uma associação scientifica para o estudo e difusão do conhecimento da história, geografia, ethnographia, ethnologia, archeologia, especialmente do Maranhão, e incremento à comemoração dos vultos e factos notáveis do seu passado e a conservação dos seus monumentos. Estatuto do Instituto, in Revista do IHGM, no. 1, 1926, julho-setembro, p. 61.

Bandeira (2002) [6] coloca ainda:

Tal constatação é atribuída à falta de instituições que promovam estudos e pesquisas sobre a história das populações que aqui habitaram o período anterior à chegada dos colonizadores, casada com a omissão dos órgãos competentes em todas as esferas governamentais […]
A constituição em 2002 do “Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão” [7] é outra resposta a essas afirmações, já no período das pesquisas universitárias, ressaltando-se que esta instituição colocou à disposição do grande público uma cartilha – “Arqueologia do Maranhão” -, com textos explicativos sobre o período pré-colonial maranhense (arte rupestre nos abrigos sob rocha, os sambaquis, as estearias, as populações de horticultores e ceramistas, as nações indígenas encontradas pelos colonizadores) e o metódico trabalho do arqueólogo.
Bandeira (2006) [8] refere-se às primeiras produções de conhecimento sobre a pré-história maranhense praticada por pessoas interessadas, pertencentes a profissões diversas, mas sem formação científica especializada, destacam-se nesse momento as publicações de Raimundo Lopes: Civilização lacustre do Brasil (1924) e O Torrão Maranhense (1970); de José Silvestre Fernandes (1950), Os Sambaquis do Nordeste[9] e Olavo Correia Lima (1970), Pré-História Maranhense[10]. Coincidem com o período em que Prous (1992) classifica como intermediário (1910-1950) [11].
[2] LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís: SIOGE, 1973.
[3] BORRALHO, José Henrique de Paula. Instituto De História E Geografia Do Maranhão (IHGM): Patrimônio, Memória E História Como Princípios De Perpetuação Da Imagem De Um Maranhão Grandioso. IN PATRIMÔNIO E MEMÓRIA, UNESP – FCLAs – CEDAP, v.7, n.1, p. 19-37, jun. 2011
[4] LOPES, R. O TORRÃO MARANHENSE. Rio de Janeiro: Typ. Do Jornal do Commercio, 1916
LOPES, R. CONFERÊNCIA – CIVILIZAÇÃO LACUSTRE DO BRASIL, 1923
LOPES, R. BOLETIM DO MUSEU NACIONAL (Vol. 1 N.º 2. Janeiro de 1924
LOPES, R. O JORNAL DE 27 DE NOVEMBRO DE 1927
LOPES, R UMA REGIÃO TROPICAL. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970
LOPES, R. ANTROPOGEOGRAFIA. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 1956.
LOPES, A. UM ACHADO ARCHEOLOGICO – Revista do IHGM, n. 1, 1926
LOPES, A. AS COLLEÇÕES DO INSTITUTO – Revista do IHGM, n. 1, 1926
LOPES, A. MUSEU DO INSTITUTO – 1939; Revista do IHGM, n. 2, 1948; 1952
CARVALHO, J. B. de. NOTA SOBRE A ARQUEOLOGIA DA ILHA DE SÃO LUÍS, publicado em 1956
FIALHO, O. A CASA DA PEDRA. Revista IHGM, 1956.
CORREIA LIMA, O. Província Espeleológica do Maranhão.  Revista Ano LIX, n 10, São Luís, 1985, p. 62-70.
CORREIA LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Ameríndios maranhenses. Ano LIX, n. 08, março de 1985 38-54
CORREIA LIMA, O. Homo Sapiens stearensis – Antropologia Maranhense Ano LIX, n. 9, junho de 1985 33-43
CORREIA LIMA, Olavo. Cultura Rupestre Maranhense. Revista Ano LX, n. 11-São Luís, 1986, p. 7-12.
CORREIA LIMA, O. Parque Nacional de Guaxenduba ano LX, n. 12, 1986 ? 21-36
CORREIA LIMA, O. No país dos Timbiras Ano LXI, n. 13, dezembro de 1987 82-91
CORREIA LIMA, Olavo; AROSO, Olair Correia Lima (1989). Pré-História Maranhense. SIOGE São Luís-MA.
CORREIA LIMA, O. Mário Simões e a arqueologia maranhense Ano LXII, n. 14, março de 1991 23-31
COELHO NETO, E. “Antropologia e Sociologia” em 1987
[5] BANDEIRA, Arkley Marques. Os registros rupestres no Estado do Maranhão, Brasil, uma abordagem bibliográfica. In http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm
ver também: http://www.naya.org.ar/ – NAYA.ORG.AR – Noticias de Antropología y Arqueología
[6]http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm
[7] Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão fica na Rua do Giz, 59 – Praia Grande. Centro Histórico de São Luís-MA; as visitas podem ser feitas de 2a a 6a das 8 às 12e das 14 às 18 hs; agendamento pelo tel: 98 3218-9906
[8] BANDEIRA, Arkley Marques. POVOAMENTO PRÉ-HISTÓRICO DA ILHA DE SÃO LUÍS-MARANHÃO: SÍNTESE DOS DADOS ARQUEOLÓGICOS E HIPÓTESES PARA COMPREENSÃO DESSA PROBLEMÁTICA. Anais do V encontro do Núcleo Regional Sul da Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB/Sul. De 20 a 23 de novembro de 2006, na cidade de Rio Grande, RS. http://www.anchietano.unisinos.br/sabsul/V%20-%20SABSul/comunicacoes/59.pdf
[9] Consultor Técnico do Diretório Regional de Geografia, José Silvestre Fernandes, que em 1950 publicou no artigo Os Sambaquis do Nordeste a descrição de três sítios nas localidades de Areia Branca, Ilha das Moças e Mocambo, no município de Cururupu, litoral ocidental do Maranhão, cujo material arqueológico coletado foi enviando ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro. In BANDEIRA, Arkley Marques. A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré-colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 03, p. 18-36 25
[10]  Interessante síntese sobre os sambaquis do Maranhão foi elaborada pelo médico e antropólogo Olavo Correia Lima, que em meados de 1970, iniciou atividades arqueológicas em diversos pontos do Estado. Suas pesquisas acerca dos registros arqueológicos da região resultaram na publicação em 1989 do primeiro livro do gênero no Estado, Pré-História Maranhense. Lima trabalhou em colaboração com Mário Simões e outros pesquisadores do Museu Emílio Goeldi do Pará, no projeto São Luís (LIMA, 1991), realizado em 1971. In BANDEIRA, Arkley Marques. A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré-colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 03, p. 18-36 25
[11] PROUS, André (1992). Arqueologia Brasileira. UNB, Brasília-DF.

 
Fonte: ww.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/09/page/2/