por EUGES LIMA
(historiador e pres. do IHGM)
Esse
jornal era oficial e noticioso do governo do Maranhão e surgiu no contexto do
processo de emancipação política do Brasil e do Maranhão, onde as tensões entre
portugueses e brasileiros estavam bastante acentuadas. Seu objetivo era
divulgar as ações do governo e ao mesmo tempo defender sua posição política e
ideológica em prol de Portugal e das Cortes portuguesas. Trazia resumo de
notícias do exterior, transcrições, anúncios oficiais, balancetes de
repartições e sempre que podia, falava mal dos adversários políticos, além de
textos elogiosos a administração do governo.
É
importante esclarecer que os primeiros 34 números de O Conciliador do Maranhão foram
manuscritos e que somente a partir do dia 10
de novembro de 1821, depois da chegada da primeira tipografia em São Luís, em
31 de outubro desse ano, importada de Londres a pedido do governador
provisório, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, o Dente de Alho, é que
começaram a serem impressos os primeiros números.
A
partir do Número 77 de 6 de abril de 1822, teve seu título reduzido para
"O Conciliador”. O jornal saia duas vezes por semana. O primeiro Diretor e
Redator foi Antônio Marques da Costa
Soares, oficial-maior da secretaria do governo, considerado o primeiro
jornalista do Maranhão. O Conciliador teve um total de 210 edições e chegou ao
fim em 16 de julho de 1823, mas inaugurou a saga da imprensa maranhense.
Embora
sendo um jornal oficial do governo maranhense, pro-Portugal, foi importante,
porque trouxe a primeira tipografia para o Maranhão, inserido a então província
na era da imprensa. A partir daí, foram surgindo outros jornais, tanto
governistas como de oposição, a exemplo dos “Argos da Lei”, “O Censor",
entre outros.
Outras
tipografias, com excelência na arte de impressão, não somente em relação a
jornais, mas também em relação à impressão de livros, foram surgindo, durante o
século XIX, tornando o Maranhão uma referência não só para o nordeste, mas para
o Brasil. Famosa eram a tipografia e as impressões de Belarmino de Matos,
considerado um dos maiores expoentes dessa arte no século XIX.
Várias
gerações de grandes jornalistas surgiram a partir daí. Só para citar alguns
nomes emblemáticos da história do nosso jornalismo do século XIX, temos João
Lisboa, Sotero dos Reis, Odorico Mendes, Temístocles Aranha, etc. etc. enfim,
tantos outros. Na verdade, nessa época, quase todo homem de letras, também
militava no jornalismo. Tudo isso gerou um grande legado, uma grande tradição
para as letras e o jornalismo maranhense.