Uma saga imagética
O
historiador, professor, escritor e sócio efetivo do Instituto Histórico e
Geográfico do Maranhão, Antonio Guimarães de Oliveira é um conhecedor dos
caminhos da cidade e vem dedicando-se nos últimos anos em publicar seu precioso
acervo de fotografias e cartões postais da antiga São Luís, que acumulou
durante anos, fruto de sua paixão pela fotografia e história da capital
maranhense.
Têm
feito isso por meio da publicação de uma série de livros que traz uma vasta,
variada e impressionante coleção de cartões fotográficos sobre antigos
logradouros de São Luís, como Ruas, Becos, Travessas, Largos e Monumentos do
Centro Histórico, despertado assim, a curiosidade dos leitores, pela raridade e
ineditismo de grande parte do acervo.
Publicou
em 2012/2013 os dois primeiros volumes dessa série, intitulados “São Luís:
memória e tempo,” que teve um grande sucesso editorial, batendo recordes de
vendas, tornando-se um verdadeiro Best Seller local.
Em
2015, presenteou os amantes da história da cidade com mais um livro,
“Pregoeiros & Casarões”, trazendo como tema central os tradicionais
pregoeiros, que eram vendedores de porta em porta, de rua em rua, geralmente de
frutas, verduras, peixes e outros gêneros de uma São Luís que não existe mais.
Nesse livro, também tratou como um dos temas principais, os casarões
históricos.
Mas
esse trabalho foi além do título proposto, destacando entre outros aspectos,
acervos fotográficos particulares de personalidades da cidade em períodos
diversos, mas sempre como pano de fundo, a paisagem do Centro Histórico e a
cultura da cidade, talvez uma das explicações do sucesso alcançado pela obra.
Dito
isso e feito o devido resgate dos trabalhos anteriores para melhor situar o
leitor, passemos efetivamente a tratar deste, seu mais recente trabalho, “Becos
& Telhados,” o quarto livro dessa primorosa coleção que sem a menor dúvida,
já se constituem fontes obrigatórias a quem desejar conhecer, estudar e
escrever algo sobre a história de São Luís.
Desta
vez, os Becos, tão antigos e impregnados de história, presentes no imaginário e
na tradição ludovicense, muitos, surgidos nos primeiros séculos de formação da
cidade, com nomes tão pitorescos e curiosos que se tornaram uma importante
marca toponímica de São Luís, são o carro chefe desta tão aguardada obra.
Com
fotos de Becos, principalmente das décadas de 1950 e 1970, sob vários ângulos e
contextos, algumas com figurantes e personagens, conhecidos e anônimos, através
de legendas e textos sucintos explicativos, o autor vai desvendando os
principais becos históricos.
Abrindo
seu rol com o emblemático Beco Catarina Mina, seguido pelos Beco do Vira Mundo,
Beco da Alfandega, Beco da Bosta, Beco do Quebra Bunda, Beco da Prensa, Beco
dos Catraeiros, Beco do Precipício, Beco do Couto, Beco do Silva e Beco dos
Barqueiros, estes dois últimos, em meados do século XIX, antes da conclusão do
Cais da Sagração, delimitavam o perímetro da antiga Praia da Trindade, local
onde foi executado por enforcamento, Manoel Beckman, em 1685, líder da Revolta
que levou seu nome.
Este
livro, traz também, novas fotos e cartões postais ainda não mostrados, das
Ruas, Travessas, Largos e Avenidas, sempre destacando a duplicidade ou
multiplicidade dos nomes das tradicionais e históricas artérias, como a rua do
Sol, nome colonial e a designação mais recente e oficial, do início do século
XX, mudada pela municipalidade para rua Nina Rodrigues, em homenagem ao médico
maranhense, considerado o patrono da medicina legal moderna brasileira, cujo
consultório, ficava nessa rua, mas que nesse caso e em muitos outros, acabaram
não pegando e permanecendo os nomes antigos e curiosos desses logradouros na
memória popular.
“Becos
& Telhados,” representa a contínua e recorrente viagem do autor ao passado
de São Luís, através dos seus logradouros e edifícios históricos, que assim
ajudam a contar a história por meio da sua iconografia fotográfica, produzida
ao longo dos séculos XIX e XX, a partir da lente e olhar do fotógrafo de
“plantão” da época, como um Gaudêncio Cunha, um Cândido Cunha, um José Farias,
um Manassés, um Amorim, um Dreyfus Azoubel, um Clodomir Pantoja, um José
Mendonça, um Ribamar Alves, um Vicente Benário, um Chico Foto Flash, um Foto
Nômade, mas também, por anônimos e amadores.
Está
de parabéns o historiador Antonio Guimarães por esta magnífica e exuberante
obra, que através de sua saga imagética, contribui de forma substancial para o
conhecimento histórico de São Luís.
São
Luís, 15 de setembro de 2017.
Euges Lima
Historiador
e presidente do IHGM