Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Prof. de Ed. Física, Mes. em Ciência da Informação e membro
do IHGM.
Arqueologia
(do grego, « arqué », antigo ou poder, e « logos », discurso depois estudo,
ciência) é a disciplina científica que estuda as culturas e os modos de vida do
passado a partir da análise de vestígios materiais, relacionada
fundamentalmente à pré-história e às civilizações da antiguidade, embora mais
recentemente a metodologia arqueológica vem se aplicando a etapas mais
recentes, como a Idade Média ou o período industrial. Na atualidade, os
arqueólogos dedicam-se cada vez mais a fases tardias da evolução humana, como a
arqueologia industrial [1].
Pedro
II foi um dos grandes incentivadores da ciência no Brasil, custeando expedições
ao interior e ao litoral brasileiro, utilizando o então Museu Imperial – agora
Museu Nacional – como ponto de partida para as expedições e visando encontrar
potenciais de inúmeras áreas: Botânica, Zoologia, Arqueologia, Geologia entre
outras Devido a essa fase de incentivos a pesquisa arqueológica que no momento
tinha uma grande ação de amadores em busca de cidades perdidas, chamada de
período “Dos primeiros arqueólogos brasileiros à busca das cidades perdidas”.
A
criação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB) também é desse período
e enfatiza a consolidação nacional e criação de uma identidade nacional. Em
1863 tivemos a fundação de um Instituto Histórico e Geográfico, aqui no
Maranhão, mas que não foi adiante; no ano de 1918, por influencia do IHGB
tivemos uma (re)fundação do IHGM, pelo dr. Simões da Silva; e em 1925 é fundado
o atual Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM –, por Antonio
Lopes da Cunha [2].
Borralho
(2011) [3] considera haver uma relação dos fundadores do IHG e a geração
fundadora da Oficina dos Novos, tais como Antonio Lopes da Cunha, Arias Cruz,
José Eduardo de Abranches Moura, Barros e Vasconcelos, Domingos de Castro
Perdigão, José Domingues da Silva, José Ferreira Gomes, José Pedro Ribeiro,
Justo Jansen Ferreira, José Ribeiro do Amaral, Wilson Soares. Muito mais
presentificada e personificada na relação dos sócios efetivos, como em Antonio
Lopes Dias, Carlota Carvalho, Manuel Francisco Fran Paxeco, Raimundo Lopes da
Cunha, Virgilio Domingues, Domingos Américo de Carvalho. Todos eles eram signatários
da idéia de perpetuação das tradições do Estado, proclamada primeiro pela
Oficina dos Novos, depois Academia Maranhense de Letras, Faculdade de Direito,
Sociedade Musical Maranhense e finalmente, Instituto de História e Geografia
que na sua renovada formação, em 1951, passaria a se chamar Instituto Histórico
e Geográfico Maranhense.
ARQUEOLOGIA MARANHENSE [4]
Embora
haja quem coloque que no Maranhão os estudos arqueológicos ainda não
despertaram interesse (BANDEIRA, 2002) [5], a criação do Instituto Histórico e
Geográfico do Maranhão, naquele ano de 1925 demonstra que havia, sim, interesse
no desenvolvimento dessa ciência:
Artigo
1 – Fica fundada nesta cidade de São Luiz uma associação scientifica para o
estudo e difusão do conhecimento da história, geografia, ethnographia,
ethnologia, archeologia, especialmente do Maranhão, e incremento à comemoração
dos vultos e factos notáveis do seu passado e a conservação dos seus
monumentos. Estatuto do Instituto, in Revista do IHGM, no. 1, 1926,
julho-setembro, p. 61.
Bandeira
(2002) [6] coloca ainda:
Tal
constatação é atribuída à falta de instituições que promovam estudos e
pesquisas sobre a história das populações que aqui habitaram o período anterior
à chegada dos colonizadores, casada com a omissão dos órgãos competentes em
todas as esferas governamentais […]
A
constituição em 2002 do “Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia
do Maranhão” [7] é outra resposta a essas afirmações, já no período das
pesquisas universitárias, ressaltando-se que esta instituição colocou à
disposição do grande público uma cartilha – “Arqueologia do Maranhão” -, com textos
explicativos sobre o período pré-colonial maranhense (arte rupestre nos abrigos
sob rocha, os sambaquis, as estearias, as populações de horticultores e
ceramistas, as nações indígenas encontradas pelos colonizadores) e o metódico
trabalho do arqueólogo.
Bandeira
(2006) [8] refere-se às primeiras produções de conhecimento sobre a
pré-história maranhense praticada por pessoas interessadas, pertencentes a
profissões diversas, mas sem formação científica especializada, destacam-se
nesse momento as publicações de Raimundo Lopes: Civilização lacustre do Brasil
(1924) e O Torrão Maranhense (1970); de José Silvestre Fernandes (1950), Os
Sambaquis do Nordeste[9] e Olavo Correia Lima (1970), Pré-História
Maranhense[10]. Coincidem com o período em que Prous (1992) classifica como intermediário
(1910-1950) [11].
[2]
LOPES DA CUNHA, Antônio. Instituto histórico. In ESTUDOS DIVERSOS. São Luís:
SIOGE, 1973.
[3]
BORRALHO, José Henrique de Paula. Instituto De História E Geografia Do Maranhão
(IHGM): Patrimônio, Memória E História Como Princípios De Perpetuação Da Imagem
De Um Maranhão Grandioso. IN PATRIMÔNIO E MEMÓRIA, UNESP – FCLAs – CEDAP, v.7,
n.1, p. 19-37, jun. 2011
[4]
LOPES, R. O TORRÃO MARANHENSE. Rio de Janeiro: Typ. Do Jornal do Commercio,
1916
LOPES,
R. CONFERÊNCIA – CIVILIZAÇÃO LACUSTRE DO BRASIL, 1923
LOPES,
R. BOLETIM DO MUSEU NACIONAL (Vol. 1 N.º 2. Janeiro de 1924
LOPES,
R. O JORNAL DE 27 DE NOVEMBRO DE 1927
LOPES,
R UMA REGIÃO TROPICAL. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970
LOPES,
R. ANTROPOGEOGRAFIA. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 1956.
LOPES,
A. UM ACHADO ARCHEOLOGICO – Revista do IHGM, n. 1, 1926
LOPES,
A. AS COLLEÇÕES DO INSTITUTO – Revista do IHGM, n. 1, 1926
LOPES,
A. MUSEU DO INSTITUTO – 1939; Revista do IHGM, n. 2, 1948; 1952
CARVALHO,
J. B. de. NOTA SOBRE A ARQUEOLOGIA DA ILHA DE SÃO LUÍS, publicado em 1956
FIALHO,
O. A CASA DA PEDRA. Revista IHGM, 1956.
CORREIA
LIMA, O. Província Espeleológica do Maranhão.
Revista Ano LIX, n 10, São Luís, 1985, p. 62-70.
CORREIA
LIMA, O.; AROSO, O. C. L. Ameríndios maranhenses. Ano LIX, n. 08, março de 1985
38-54
CORREIA
LIMA, O. Homo Sapiens stearensis – Antropologia Maranhense Ano LIX, n. 9, junho
de 1985 33-43
CORREIA
LIMA, Olavo. Cultura Rupestre Maranhense. Revista Ano LX, n. 11-São Luís, 1986,
p. 7-12.
CORREIA
LIMA, O. Parque Nacional de Guaxenduba ano LX, n. 12, 1986 ? 21-36
CORREIA
LIMA, O. No país dos Timbiras Ano LXI, n. 13, dezembro de 1987 82-91
CORREIA
LIMA, Olavo; AROSO, Olair Correia Lima (1989). Pré-História Maranhense. SIOGE
São Luís-MA.
CORREIA
LIMA, O. Mário Simões e a arqueologia maranhense Ano LXII, n. 14, março de 1991
23-31
COELHO
NETO, E. “Antropologia e Sociologia” em 1987
[5]
BANDEIRA, Arkley Marques. Os registros rupestres no Estado do Maranhão, Brasil,
uma abordagem bibliográfica. In http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm
ver
também: http://www.naya.org.ar/ – NAYA.ORG.AR – Noticias de Antropología y
Arqueología
[6]http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/arkley_marques_bandeira.htm
[7]
Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão fica na Rua do
Giz, 59 – Praia Grande. Centro Histórico de São Luís-MA; as visitas podem ser
feitas de 2a a 6a das 8 às 12e das 14 às 18 hs; agendamento pelo tel: 98
3218-9906
[8]
BANDEIRA, Arkley Marques. POVOAMENTO PRÉ-HISTÓRICO DA ILHA DE SÃO
LUÍS-MARANHÃO: SÍNTESE DOS DADOS ARQUEOLÓGICOS E HIPÓTESES PARA COMPREENSÃO
DESSA PROBLEMÁTICA. Anais do V encontro do Núcleo Regional Sul da Sociedade de
Arqueologia Brasileira – SAB/Sul. De 20 a 23 de novembro de 2006, na cidade de
Rio Grande, RS. http://www.anchietano.unisinos.br/sabsul/V%20-%20SABSul/comunicacoes/59.pdf
[9]
Consultor Técnico do Diretório Regional de Geografia, José Silvestre Fernandes,
que em 1950 publicou no artigo Os Sambaquis do Nordeste a descrição de três
sítios nas localidades de Areia Branca, Ilha das Moças e Mocambo, no município
de Cururupu, litoral ocidental do Maranhão, cujo material arqueológico coletado
foi enviando ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro. In BANDEIRA, Arkley Marques.
A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento
pré-colonial na Ilha de São Luís a partir das campanhas arqueológicas de Mário
Ferreira Simões. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031,
volume 03, p. 18-36 25
[10] Interessante síntese sobre os sambaquis do
Maranhão foi elaborada pelo médico e antropólogo Olavo Correia Lima, que em
meados de 1970, iniciou atividades arqueológicas em diversos pontos do Estado.
Suas pesquisas acerca dos registros arqueológicos da região resultaram na
publicação em 1989 do primeiro livro do gênero no Estado, Pré-História
Maranhense. Lima trabalhou em colaboração com Mário Simões e outros
pesquisadores do Museu Emílio Goeldi do Pará, no projeto São Luís (LIMA, 1991),
realizado em 1971. In BANDEIRA, Arkley Marques. A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM
ARQUEOLOGIA: hipóteses sobre o povoamento pré-colonial na Ilha de São Luís a
partir das campanhas arqueológicas de Mário Ferreira Simões. Outros Tempos,
www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 03, p. 18-36 25
[11]
PROUS, André (1992). Arqueologia Brasileira. UNB, Brasília-DF.
Fonte:
ww.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/09/page/2/
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