Por
Euges Lima (prof. de história e vice-presidente do IHGM)
Muitos
que passam pela Rua do Sol, esquina com a Rua da Mangueira, Centro de São Luís,
não imaginam que nessa morada inteira com um mirante(sobrado), do século XIX, esquecida
e em estado deplorável de conservação, viveu o escritor Aluísio Azevedo, autor
de uma das obras mais importantes da literatura brasileira, “O Mulato” que em 1881
abriu caminho para o naturalismo e o realismo no Brasil.
Em
qualquer país que leve a sério seus grandes escritores, sua história e cultura,
já teria transformado há muito tempo, a casa onde residiu Aluísio Azevedo, num
museu, mas aqui em São Luís, não, a casa
pertence a particulares e nos últimos anos vem sofrendo um processo intenso de
degradação a olhos vistos e nada é feito pelos órgãos “competentes” que
deveriam preservar e fiscalizar o patrimônio histórico-arquitetônico da Cidade
que é considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Vendo
esse descaso, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), cumpriu com
suas finalidades estatutárias e tradição que é “defender e velar o patrimônio histórico do Maranhão” e resolveu
denunciar esse crime contra a história do Maranhão, através de sua Fan Page no
Facebook, iniciando aí um movimento para reverter essa situação.
Além
do atual estado avançado de deterioração do imóvel, existe ainda a suspeita de
que a casa estaria sendo preparada para em breve servir de estacionamento, prática que vem ocorrendo sistematicamente nos últimos anos no Centro de São
Luís, onde casarões, moradas inteiras e meias moradas de propriedade de
particulares vão sendo demolidas ou desfiguradas para dar lugar a
estacionamentos e nada é feito pelos órgãos “responsáveis”. Será que a casa
onde Aluísio Azevedo escreveu “O Mulato” também terá o mesmo fim?
Segundo
depoimento de Aracéa Carvalho, na página do IHGM, anteriormente, a casa
pertenceu ao Sindicato dos Urbanitários que “procurou sempre conservá-la dentro
de suas possibilidades, inclusive procuramos os órgãos públicos propondo que a
comprassem para fazer uma casa de cultura ou museu e simplesmente nem deram
resposta. Daí, o Sindicato vendeu há 8 anos para quem se interessou, mas, para
nossa surpresa, o comprador deixou fechada desde então, se acabando. "
A
denúncia feita ontem à noite pelo IHGM, repercutiu e revoltou pessoas em todo
Brasil. Até há pouco, a postagem da denúncia contabilizava mais de 7000
visualizações, mais de 180 compartilhamentos e mais de 20 comentários.
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