APRESENTAÇÃO DE ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA, NOVO OCUPANTE DA CADEIRA 10, PATRONEADA PELO PADRE JOSÉ DE MORAES (26 de setembro de 2012)
Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ (membro do IHGM)
Conheci o Alexandre há pouco tempo; em maio do ano passado. Estava às voltas com a organização de um evento de seu grupo de estudos - CRISOL (GPEC – Grupo de Pesquisas e Estudos Culturais) [1] - ali no Domingos Vieira Filho. Greve de ônibus, e os inscritos não apareciam, assim como alguns dos palestrantes; eu era um deles e chegara 30 minutos antes da hora marcada. Observei aquele casal às voltas com as chaves, depois com abrir o auditório, a água, o café com bolachinhas, e ninguém chegava. Como era o único no auditório, até àquela hora, aproximou-se me desejando um bom-dia e pedindo desculpas, pois certamente o evento atrasaria... Identifiquei-me e conversamos um pouco. Entreguei meu material em “PowerPoint”, fizemos os testes, tudo certo. Só faltavam os participantes...
Logo em seguida, chegou o Reitor em exercício, o Prof. Oliveira, para falar sobre os 400 anos de São Luis e a programação que a UFMA estava preparando. Já éramos quatro; 15 minutos depois chegaram dois estudantes: tínhamos plateia. E o evento começou... Com as desculpas do Alexandre, por não iniciar no horário...
Mas esse foi nosso primeiro encontro ao vivo e a cores. Já o conhecia de algum tempo. De seu trabalho, dos elogios que um seu aluno, o Rafael Aguiar fizera e, em seu nome me consultava se poderia participar do encontro do CRISOL. O tema seria a Capoeira, e poderia falar, também, sobre a programação do IHGM para os 400 anos... Aceitei, e Alexandre entrou em contato via correio eletrônico, convidando-me oficialmente.
Depois disso, mantivemos contatos, sempre através de correio eletrônico, até um segundo convite, no segundo semestre, para outro evento do CRISOL, onde estreitamos nossos laços. E após ouvi-lo, ao vivo e a cores, nesse segundo evento, consultei-o se teria interesse em associar-se ao IHGM; precisamos estreitar os laços com a Academia, e alguém da área da Antropologia seria bemvindo... De imediato disse-me sim! Incentivado pela esposa, Adriana... Consultei então a Presidente Telma e esta me disse ser uma ótima aquisição. Desde então temos conversado...
Alexandre, de ultima hora, atendeu convite para nosso segundo Seminário como um dos debatedores; os presentes àquele evento extasiaram-se com suas palestras e erudição. Alguns sócios sugeriram um convite a ele, para acompanhar-nos nessa dura jornada. Informei que já fora formalizado o convite, e ele ceita-o. Breve o teríamos como Confrade. Esse dia chegou...
Creio que - como me identifico -, Alexandre seja um maranhense que por descuido geográfico nasceu carioca. É do Rio de Janeiro, nascido em 1º de março de 1963, filho de Djalma Corrêa Filho e Maria Leny Fernandes Corrêa – ambos nascidos em 1940, e moradores do Rio de Janeiro; foi casado, desde 1997, com Adriana Cajado Costa (Brasiliense/DF, Psicóloga e Psicanalista), tendo dois filhos: Bruno de Lorenzo e Thiago Bello.
Aqui, lembro que Adriana, fisicamente, não está mais entre nós; acompanhamos a evolução de sua doença, as angustias do Alexandre e seus familiares, até a passagem para o outro plano... O Professor-Doutor Alexandre Fernandes Corrêa começou sua formação intelectual na Escola Municipal Abílio Borges, localizada no bairro Humaitá/Botafogo; o Ensino Médio fez em escolas particulares: no Princesa Isabel, no Brasil-América e no São Fernando. Continuou os estudos, já em nível superior, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se bacharelou em Ciências Sociais: Antropologia (1986); Mestre em Antropologia Cultural, pela Universidade Federal de Pernambuco (1993); Doutor em Ciências Sociais (Antropologia), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001); e Pós-doutorado em Antropologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Tem um segundo Pós-Doutorado em Antropologia (UERJ-2009).
Em seu Doutorado em Ciências Sociais defendeu a tese que teve por título: “Vilas, Parques, Bairros & Terreiros (Patrimônios Bioculturais) - Novos Patrimônios na Cena das Políticas Culturais de São Luís e São Paulo”. A dissertação de Mestrado em Antropologia teve por título: “Festim Barroco: um estudo do significado cultural da festa dos Prazeres em Pernambuco”. E na graduação em Ciências Sociais - Antropologia discorreu sobre: “Academia de Ciências Humanas do Rio de Janeiro: aspectos históricos”.
Seu interesse acadêmico abrange: (1) Patrimônio Cultural, tendo como objeto de estudo o imaginário social das práticas do patrimônio e da memória; (2) Memórias Sociais, que abrange estudos e pesquisas sobre as práticas sociais da memória; (3) Antropologia Urbana, onde estuda o meio urbano. Dedica-se ainda aos (4) Estudos Culturais, sobre o imaginário social relacionado às práticas sociais do patrimônio e da memória; (5) à Epistemologia da Complexidade, com estudos na área da Metodologia do trabalho científico implementada nos estudos e pesquisa sobre as praticas sociais do patrimônio e da memória; (6) Patrimônio Etnográfico, sobre tombamento e preservação de bens culturais folclóricos e populares na sociedade brasileira; e por fim, dedica-se à (7) Antropologia do Patrimônio Biocultural.
Atualmente, é professor Associado III da Universidade Federal do Maranhão. É Membro do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (UFMA). Líder do Grupo de Pesquisas e Estudos Culturais (CRISOL). Foi Membro do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão nos anos 2008-9.
Tem publicado quatro livros: O MUSEU MEFISTOFÉLICO E A DISTABUZAÇÃO DA MAGIA: análise do tombamento do primeiro patrimônio etnográfico do Brasil.. 1. ed. São Luís: UFMA, 2009. v. 300. 192 p.
FESTIM BARROCO: culturanálise da festa de Nossa Senhora dos Prazeres de Jaboatão dos Guararapes/PE. 1. ed. São Luís: EDUFMA/PGCult, 2009. v. 1. 136 p.
PATRIMÔNIOS BIOCULTURAIS: ensaios de antropologia do patrimônio e das memórias sociais. 1. ed. São Luís: EDUFMA, 2008. v. 500. 220 p.
VILAS, PARQUES, BAIRROS E TERREIROS: novos patrimônios na cena das políticas culturais de São Paulo e São Luís. 1. ed. São Luís: EDUFMA, 2003. v. 100. 240 p.
E em quatro outros, é autor dos capítulos seguintes:
DINÂMICAS DAS PAISAGENS, DOS PATRIMÔNIOS E DAS MEMÓRIAS SOCIAIS NA ATUALIDADE: O Complexo de Dédalo em Perspectiva In: Flávio Leonel Abreu Silveira; Cristina Donza Cancela. (Org.). PAISAGEM E CULTURA: Dinâmicas do Patrimônio e da Memória na Atualidade. 1 ed. Belém: EDUFPA, 2009, v. 1, p. 179-194.
SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO NO MARANHÃO: Reflexões sobre a Transmissão da Cultura Sociológica para Jovens. In: Manoel Matias Filho. (Org.). ESPAÇO DOS SOCIÓLOGOS. 1 ed. Natal: Espaço Social, 2009, v. 1, p. 78-85.
METAMORFOSES CONCEITUAIS DO MUSEU DE MAGIA NEGRA: primeiro patrimônio etnográfico do Brasil. In: Manuel Ferreira Lima Filho; Cornelia Eckert; Jane Beltrão. (Org.). Antropologia e Patrimônio Cultural: Diálogos e Desafios Contemporâneos. 1 ed. Blumenau: Nova Letra, 2007, v. 1, p. 287-318.
TEATRO DAS MEMÓRIAS E DO PATRIMÔNIO CULTURAL. In: Manuel Ferreira Lima Filho; Márcia Bezerra. (Org.). Os Caminhos do Patrimônio no Brasil. Goiânia: Alternativa, 2006, v. 1, p. 69-88.
De sua vasta produção científica, destacamos: 28 artigos completos publicados em periódicos, 12 Textos em jornais de notícias/revistas, 16 Trabalhos completos publicados em anais de congressos, 17 Resumos publicados em anais de congressos; 19 Apresentações de Trabalho; 17 Produções técnicas; 19 Produções artística/cultural. Estão identificados ao final desta apresentação... Perguntei ao Alexandre como veio parar em São Luis. Disse-me ser seu avô pernambucano, e desde sua formação e vivência no Rio de Janeiro - nascido na Zona Norte (Méier) e criado no bairro de Botafogo -, nutria uma atração muito grande pelo Nordeste. São Luís foi a primeira cidade nordestina que conheceu; aqui, a grata surpresa: da cidade corresponder àquelas imagens que tinha na cabeça, sobre o passado colonial brasileiro. O centro urbano antigo de São Luís produziu pensamentos e sensações profundas, que até hoje são objeto de suas pesquisas e reflexões. Atualmente, ao realizar pesquisas sobre o Teatro das Memórias Sociais - as Festas e Rituais Comemorativos na sociedade local e nacional continua tentando responder aquele espanto inicial ao conhecer a cidade. Sua chegada foi num 25 de fevereiro de 1987, direto no Baile de Carnaval do Clube Jaguarema! Acabou ficando por aqui, indo trabalhar com Teatro no Município de Morros, com a Profa. Maria de Jesus Medeiros Muniz e Silva; em seguida, começou a dar aulas de Sociologia para o Magistério na Escola de Carlos Cunha, da Rua do Sol; aulas de Antropologia, Sociologia e Geografia, no antigo CETEMA (Centro Teológico do Maranhão, da Igreja Católica). Em 1989, começou a dar aulas de Antropologia, como Professor Colaborador e Substituto na UFMA. Em 1990 iniciou curso de Mestrado em Antropologia Cultural na UFPE (concluído em 1993), do qual produziu o livro Festim Barroco. Em 1991, concurso público para Professor Auxiliar em Antropologia, pela UFMA. Ter chegado a pleno Carnaval, foi um sinal de que as festas seriam objeto especial de reflexão e pesquisa, como se confirma no momento. Desde aquele fevereiro de 1987 que tenta, através do estudo e da pesquisa, conhecer e compreender a história e a cultura maranhense; trabalho que lhe tem dado muita satisfação e alegrias.
Seja bem vindo, Alexandre...
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