sábado, 19 de abril de 2014

DISCURSO DE POSSE DO GEOGRÁFO JOSIEL RIBEIRO FERREIRA, NA CADEIRA DE NO 49, COMO SÓCIO EFETIVO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO


 
Senhor presidente interino do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Prof. Euges Lima, respondendo pela Profa.  Dra. Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo.
Convidados...senhores(a)
Confrades e Confreiras.

 
É com imenso prazer e satisfação que assumo nesta noite a cadeira de no 49 deste seleto Instituto que tem como patrono o senhor João da Mata de Morais Rêgo. O sentimento de alegria não está apenas no simples fato de um sonho realizado, mas, ter a oportunidade de pertencer a uma irmandade composta de grandes nomes da nossa cultura que contribuíram e contribuem para o fortalecimento do conhecimento histórico e geográfico do Estado do Maranhão.
 
Esforço que mantém essa casa firme e segura, apesar de várias fases sofridas em aclives e declives da sua existência. Mas, sempre superando obstáculos, atualizando e mantendo suas tradições que permanecem vivas no seio da nossa sociedade nestes 87 anos. A bem da verdade é o espirito de união dos seus membros que esse ideal vem se perpetuando ao longo desses anos.
 
E nesse espírito de intenção que homenageio o meu antecessor o Sr. José de Ribamar Fernandes. Foi sócio ativo, com mais de 30 anos de Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM, fez parte em momentos diferentes, da diretoria e do Conselho Fiscal da entidade. Autor de vários artigos nas revistas do Instituto ao longo desse período, autor de vários livros, com temas e estilos variados. No dia 26 de julho de 2013 ascendeu à categoria de sócio honorário depois de mais de 30 anos de dedicação ao Instituto.
 
José de Ribamar Fernandes, primeiro ocupante da cadeira de n. 49, historiador, cronista e intelectual forjou sua obra tendo como foco o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, e por isso, mereceu o título honorífico de sócio honorário.
 
Rendo agora as minhas homenagens ao patrono desta cadeira ao fazer um breve relato da sua trajetória. Apesar de ter nascido na tradicional família dos Moraes Rêgo, filho de militar e atuante na área de direito, não o livrou de enfrentar dificuldades financeiras após a morte do Capitão Raimundo Joaquim Moraes Rêgo, seu genitor. A frustração de interromper os estudos para assumir a responsabilidade de manter o sustento de seus familiares, o fez atuar nos degraus do ramo cartorial e tributário até se fixar na cidade de Rosário.
 
Em seguida, retorna a vida acadêmica cursando Direito com a posse dos livros herdados do seu pai e obtém suficiente cultura jurídica através da publicação de inúmeros artigos em 1863 no Jornal “O País” denominados “Direitos Administrativos”.
 
Nessa época demonstra interesse pela história do Maranhão como comprova artigos de jornais que estão no arquivo da nossa Biblioteca Pública do Estado do Maranhão.
 
Ingressou na política maranhense pelo partido “Estrela” em 1850 e com 25 anos já era Deputado na Assembleia Legislativa da Província. Reeleito integrou o grupo de 13 deputados que se negou a votar o orçamento solicitado pelo presidente Eduardo Olímpio Machado, sendo ele o autor da declaração de rompimento.
 
Considerando sua indicação para o cargo de escrivão dos Feitos da Fazenda pelo conselheiro João da Cunha Paranaguá, retorna a São Luís em 1860 com grande popularidade na Província com a alcunha de “Major João da Mata”.
 
Cultivando atividades diversificadas, João da Mata, dividia-se entre os serviços no cartório, as tarefas do partido Estrela, as comemorações cívicas e religiosas e a colaboração como redator nos jornais “Estandarte”; “Despertador” ; “o Fórum”; “a Situação” ; “o Futuro” ; “a Atualidade” ; “o Tempo” e “o Publicador Maranhense”. Sua presença em todas as ocasiões fez com que o povo de São Luís criasse o slogan: “Sem o Major João da Mata não há festa que preste”.
 
João da Mata deixou três estudos históricos: “Sinopses históricas da Administração do Governador e Capitão General Dom Francisco de Melo Manuel da Câmara”; “Memória sobre a fundação de uma capela no município de Guimarães” e “História da Imprensa na Província do Maranhão”.
 
João da Mata afasta-se do Partido e recebe a qualificação de ingrato após o Dr. José da Silva Maia tornar-se autoritário a frente de seu Partido.
 
Orador de rara eloquência, fator que o aproximou de Gomes de Castro. Assim como verdadeiras peças de oratória seus pronunciamentos na Assembleia Legislativa do Maranhão constituem a cultura de João da Mata Moraes Rêgo que faleceu em 3 de maio de 1886, nesta cidade.
 
O ideal que quero manter na minha permanência neste Instituto, é dinamizar a inter-relação e a sinergia entre o órgão e a sociedade envolvida com a expansão do conhecimento histórico e cartográfico.
 
Vejo a necessidade que este instituto têm de ser fortalecido, para que o seu papel seja mais presente e contundente e que com isso possa contribuir de forma significativa nas áreas de estudo e pesquisa, no planejamento do uso e ocupação humana e nos levantamentos e registros históricos.
 
A ideia é trabalhar a interatividade e o acesso desse conjunto de conhecimento acumulado nas paredes desta casa para que todos tenham condições de usufruir e utilizar da melhor forma dentro do contexto de sua atuação. Tenho certeza que a sociedade sem memória não tem condições de se perpetuar, pois quando não se aprende com os erros do passado, volta a repetir os mesmos no futuro .
 
Sou Geógrafo, homem de relatórios, estudos, mapas e levantamentos, não detenho a primazia do dom de construir grandes textos, mas sei que no universo das contradições a história não se faz sem a geografia e tão pouco a geografia sem a história.
 
Muito obrigado!

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