Do site da Folha de São Paulo
Jacob Gorender, um dos mais reputados intelectuais
militantes da esquerda brasileira, morreu nesta terça-feira (11) aos 90 anos. A
sua trajetória inclui tanto obras importantes, como "O escravismo
colonial", quanto a atuação em organizações de esquerda, chegando a membro
do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Gorender nasceu em Salvador (BA) em 20 de janeiro
de 1923, filho de imigrantes judeus russos. Em 1941, entrou para a Faculdade de
Direito de Salvador, época em que se aproxima do PCB.
O período de estudante durou pouco: em 1943, ele se
voluntaria para a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e embarca para a
Segunda Guerra Mundial. Volta da Europa em 1945, quando retoma a militância
comunista.
Com o golpe de 1964, passa à clandestinidade. A sua
obra mais conhecida é "Combate nas Trevas", considerada referência sobre
a luta armada durante a ditadura militar, é baseada nessa experiência, que
inclui a fundação PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), em 1968,
ano em que deixou o PCB após 26 anos.
Na obra, Gorender conta que ele e os demais
integrantes do PCB que se opunham a Luís Carlos Prestes foram expulsos no sexto
Congresso do partido, em dezembro de 1967. A mesma resolução que excluiu
Gorender também expulsou os militantes Carlos Marighella, Mário Alves, Joaquim
Câmara Ferreira e Apolônio de Carvalho, entre outros.
Depois disso, Gorender se dedicou à criação do
PCBR. A nova organização contava com Apolônio de Carvalho, veterano da Guerra
Civil Espanhola, e Mário Alves, desaparecido desde 1970. No mesmo ano, ele
acabou preso em São Paulo, período que durou dois anos e foi marcado por
sessões de tortura.
Solto, passou a se dedicar mais à vida intelectual,
com a publicação de vários livros e artigos, chegando a professor do Instituto
de Estudos Avançados da USP.
"Objetivamente, a esquerda não tinha condições
sequer mínimas para o enfrentamento pelas armas com a ditadura militar. O que
conseguiu fazer, em termos concretos, foi protestar com atos de violência, em
resposta à violência terrorista institucionalizada pelos generais",
escreveu, no posfácio de "Combate nas Trevas".
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