segunda-feira, 20 de junho de 2016

A Pedra da Memória


             Euges Lima*

                      
Recentemente, a limpeza e recuperação da “Pedra da Memória” por parte do poder público chamou a atenção da sociedade ludovicense para aquele monumento. Vários jornais e emissoras de TV fizeram matérias e reportagens, tentando recuperar sua importância.

Mas, afinal, qual é a história da Pedra da Memória? O monumento foi construído por membros do Exército para homenagear a Coroação do Imperador D. Pedro II, ocorrida em 18 de julho de 1841 no Rio de Janeiro. É um dos monumentos mais antigos de São Luís, projetado em 18 de agosto de 1841, pelo Tenente Coronel José Joaquim Rodrigues Lopes, do Imperial Corpo de Engenheiros, e concluído em 28 de julho de 1844.

O monumento foi preservado, está lá, imponente, intacto, em um dos semicírculos da Avenida Beira Mar, o fortim de São Damião, próximo às muralhas do Palácio dos Leões. Porém, nem sempre esta foi sua localização original. Inicialmente, ficava no chamado Campo de Ourique, área ocupada hoje pela Praça Deodoro, SESC, Liceu Maranhense e Ginásio Costa Rodrigues. Em 1943, com o loteamento desse largo, o escritor Joaquim Vieira da Luz, membro do IHGM, conseguiu transferi-lo para o atual local, com receio de sua destruição. Em 1950, nas administrações do governador Sebastião Archer e do prefeito Costa Rodrigues, o monumento passou por uma restauração. Em 2011, a Pedra voltou a ser restaurada.

A Sagração de D. Pedro II como Imperador do Brasil, na Capital do Império, foi marcada por grandes cerimônias e solenidades, com muita pompa e circunstância, digna das coroações das grandes monarquias europeias e que provavelmente, repercutiu em todas as províncias do Brasil.

Em São Luís, só depois de dois meses, chega a notícia da Coroação do Imperador e foi marcada aqui por três dias de festas e comemorações: 14, 15 e 16 de setembro de 1841. Houve a participação popular, dos membros da elite e das autoridades. Verdadeira festa cívica, comandada pelo presidente da província, João Antônio de Miranda, culminando com a criação de orfanato, lançamento de obras públicas e monumento.

Escrevendo para o Sr. Cândido José de Araújo Viana, Ministro e Secretário do Estado dos Negócios do Império, descreveu assim o lançamento da Pedra da Memória, o presidente da província: “Na tarde do dia 15 houve nova e magnífica parada no campo de Ourique, para onde ainda concorrerão as pessoas mais gradas da capital, e immenso povo, ahi tive a honra ainda de lançar a pedra fundamental para uma Pyramide, que a corporação Militar inaugurou á Sagração de S. M. o Imperador.” (JORNAL MARANHENSE,1841)”

Além do lançamento da então Pirâmide do Campo de Ourique, como parte dessas homenagens feitas no Maranhão à Coroação do Imperador, outras também foram realizadas, como é o caso do lançamento da obra do Cais da Sagração, no dia 14 de setembro, e a aprovação da lei pela Assembleia Provincial que cria a Casa dos Educandos Artífices. É no contexto dessas comemorações quarentistas que são lançados os fundamentos dessa Pirâmide. Embora, a maioria das comemorações à Coroação de D. Pedro II, no Maranhão, tenham se concentrado em São Luís, verificam-se também em outros lugares da província, sinais dessas homenagens, como é o caso da vila de Brejo, entre outros.


* Professor de história, historiador, secretário de cultura do Sinproesemma e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM).
E-mail: eugeslima@gmail.com         


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