No
mês de janeiro, o médico Lucas Cardoso Veras Neto, residente em Brasília,
homônimo e neto de um antigo prefeito de Tutóia, o coronel Lucas Veras, andou
visitando o município, buscando vestígios que lembrasse o ilustre avô e seu
legado político e administrativo. Encontrou na cidade o hospital municipal que
fora batizado com o nome do antigo político e que o imortalizara para a
posteridade.
Meus pais conheceram o coronel Lucas Veras, eles sempre
contam histórias sobre ele e sua época. Para as novas gerações, esse é apenas o
nome do único hospital da cidade, quase nada se sabe ou se escreveu sobre esse
prócer da política tutoiense.
Lucas Cardoso Veras era filho do coronel e comerciante
Caetano Alves Cardoso Veras e pai de Magno Cardoso Veras. Possivelmente chegou
em Tutóia como agente do Loide Brasileiro, uma das principais companhias de
navegação do Brasil na época.
Em 1917, Lucas Veras, já era vereador em Tutóia e nesse
ano, teve seu mandato cassado, sob o pretexto de acúmulo de cargo, numa
suspeitíssima sessão da Câmara, considerada clandestina, pois deixou de fora vereadores
de oposição. A acusação foi refutada pelo parlamentar que considerou o ato como
perseguição política do grupo dominante, liderado pelo coronel Paulino Neves.
No pleito seguinte, Lucas Veras é novamente eleito
vereador para a legislatura 1919/1921, formada pela seguinte composição: Anízio
Neves (presidente); Lucas Veras (vice); Sabino Conceição; Demétrio Cerveira e
Francisco Rodrigues. Era intendente, Euclides Gomes Neves e vice-indendente,
Antônio Carvalho.
Demétrio Cerveira, que depois receberia a patente de
Capitão da Guarda Nacional, o “Capitão Demétrio”, natural do “Barro Duro” - um dos distritos mais
antigos de Tutóia - foi
homenageado pela municipalidade com nome de Rua em Tutóia e Barro Duro, era
comerciante e político de confiança do grupo de Paulino Neves, assim como
Sabino Conceição. Demétrio exerceu vários mandatos como vereador, chegando a
ser presidente da Câmara. É nosso parente, Tio do meu avô materno, Antônio
Silva, portanto meu Tio bisa-avô.
Por ocasião da indicação de Urbano Santos para
vice-presidente da República (1921), o primeiro vice-presidente da República, maranhense,
Sarney foi o segundo, o Jornal Diário de São Luís, noticia uma festa promovida
por Lucas Veras em sua casa para comemorar o fato. Ele era um político
articulado com grandes lideranças da politica maranhense, como Urbano Santos,
senador Costa Rodrigues, entre outros. Ele gozava de prestígio em São Luís,
inclusive na imprensa, sempre tendo sua estada na capital, registrada nos
jornais e sempre citado como político operoso e influente em Tutóia.
Com a ascensão de Vargas ao poder em 1930, uma das políticas
desse novo governo era escantilhar os velhos coronéis, renascentes da República
Velha, nesse sentido, em Tutóia, isso aconteceu com o coronel Paulino Neves que
perdera seu domínio político, sendo substituído por outras lideranças, como
Lucas Veras e Celso Fonseca, este último, interventor em Tutóia durante o
Estado Novo (1937/1945).
Lucas Veras que já vinha de uma militância antiga como
vereador, assumiu a prefeitura de Tutóia em vários momentos, a primeira vez na
primeira metade da década de 1930 pelo PSD, partido do qual era presidente.
Depois em um breve período entre 1945/1946 e por fim, já no período da
redemocratização, foi eleito prefeito pelo PST para o mandato de 1948 a 1952,
quando encerra sua carreira política.
* Professor de história, historiador,
presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), sócio
correspondente do IHGC, sócio correspondente do Instituto Histórico e
Geográfico de São Vicente (IHGSV), membro do CIJVS (Portugal) e membro titular
do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão.
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