sexta-feira, 25 de março de 2022

SEGUINS E O IHGM, UMA HOMENAGEM

 

 

por EUGES LIMA (Historiador e presidente do IHGM)

 

No último dia 22 (terça-feira), o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, o IHGM, publicou em suas redes sociais, uma nota que não gostaríamos de ter publicado, uma nota de pesar acerca do passamento de um dos seus sócios mais históricos, mas que infelizmente, tivemos que fazê-lo por conta das inevitáveis vicissitudes da vida. Estamos nos referindo ao falecimento ocorrido há alguns dias do Dr. José Ribamar Seguins, sócio honorário e ex-presidente do Instituto Histórico.

Ribamar Seguins marcou de forma indelével essa instituição, foi seu presidente por longos vinte e dois anos (1972-1994), sendo o sócio que mais tempo ocupou esse cargo, superando em longevidade no cargo até o ilustre médico maranhense João Braulino de Carvalho (um dos primeiros sócios do IHGM e fundador da Cruz Vermelha no Maranhão) que permaneceu na presidência por duas décadas, de 1933 a 1953, inclusive, durante tempos difíceis, quando o Instituto sofreu perseguição politica dos governantes maranhenses, sendo despejado de sua sede, durante o período do Estado Novo, nome como ficou conhecida a ditadura Vargas (1937-1945).

Seguins entrou no IHGM em 1972, era ocupante da Cadeira de n.º 21 - até se
tornar sócio honorário em 2010 - patroneada por Henriques Leal e que teve como primeiro ocupante o escritor e militar Luso Torres. Logo que entrou na instituição, foi eleito a vice-presidência na chapa do eminente e lendário professor Ruben Almeida que já vinha na presidência desde 1961. Era o começo de um novo mandato, quando Ruben Almeida por cansaço, devido à idade já avançada ou por motivos de saúde, se licenciou do cargo e Seguins, como vice, assumiu a presidência, a princípio, interinamente, e depois, permanentemente. Seguins foi eleito e reeleito, sucessivamente por vários mandatos, até o biênio 1992/1994.

Jovem, com apenas 46 anos, Ribamar Seguins imprimiu um ritmo de gestão mais dinâmico. O atual prédio com frente para Rua de Santa Rita, número 230, foi construído e recebido na sua gestão em 1975. As revistas do IHGM, que não eram editadas há mais de duas décadas, sendo o último volume, número seis, publicado em 1961, tiveram suas publicações retomadas em 1984 com o número sete, durante a gestão Seguins, numa parceria com o Sioge, que durou até os anos de 1990. Por conta dessa longa administração, com muito denodo e dedicação, demonstrados por ele à frente da entidade, seu nome ficou muito associado ao Instituto Histórico. Tanto é que o auditório do sodalício foi batizado de Ribamar Seguins e tem sua foto na entrada, homenagens feitas em vida.

 Mas os relevantes serviços prestados por Ribamar Seguins ao Maranhão, não
se restringiram somente a sua atividade no IHGM, mas perpassaram vários setores da sociedade maranhense, como a educação, cultura, direito, história e letras, que muito sucintamente, vamos aqui assinalar. Bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas pela Faculdade de Direito de São Luís, ele foi Promotor de Justiça nas comarcas de Turiaçu, Cururupu, Codó, Brejo e São Luís. Aposentou-se como Procurador de Justiça do Estado. Teve uma militância importante na área da educação, foi Secretário de Educação e Cultura no governo de Newton Belo, sendo membro fundador em 1963 do Conselho Estadual de Educação. Foi presidente da Companhia Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), fundando à época, quatro escolas em São Luís de 1.º e 2º grau e mais 31 escolas nos municípios do interior, incluindo Tutóia, ajudando a fundar o Centro Educacional Castelo Branco, unidade escolar, muito importante para educação de gerações de jovens tutoienses.

José Ribamar Seguins teve uma vida longa, plena e de muitas realizações em favor do Maranhão, faleceu aos 96 anos, era maranhense, nasceu no dia 9 de dezembro de 1925 – no mesmo ano de fundação do IHGM - na cidade de Pinheiro, filho de Pedro João Seguins e Benedita Gomes Seguins. Como intelectual, pesquisador e escritor, deixou muitas obras publicadas, entre elas: 7 o número sagrado, Pena de Morte: Tese Rejeitada, Fragmentos da Transição do Brasil 1978/1989 (1990), Brasil Independente, Terra à Vista: Brasil 500 anos, Mulheres no Comando, Ave Maria & Anas (2005) e Uma Vida dedicada ao Senhor. Além de inúmeros artigos e textos publicados em revistas e jornais.

 

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